Almoço na Embaixada dos EUA marca lançamento do Festival Gosto da Amazônia em Brasília

O Festival Gosto da Amazônia, que leva o pirarucu selvagem de manejo ao cardápio de bares e restaurantes, chega a Brasília, onde será realizado entre os dias 9 e 26 de setembro. Para marcar o lançamento do evento, embaixadores, diplomatas estrangeiros, chefs e parceiros da marca coletiva “Gosto da Amazônia” se reuniram em um almoço promovido pela Embaixada dos Estados Unidos, no dia 12 de agosto. 

O manejo sustentável do pirarucu selvagem, considerado um dos maiores peixes de escamas do mundo, garante que as florestas e águas nas áreas onde a atividade acontece sejam protegidas de ameaças e pressões externas. Promove a conservação do pescado e de outras espécies, mantendo os serviços ecossistêmicos e contribuindo para evitar a emissão de carbono e mitigar efeitos das mudanças climáticas. 

Realizado pela marca coletiva Gosto da Amazônia”, o festival promove a popularização e a comercialização do peixe em outras regiões do Brasil e já envolveu mais de 150 bares e restaurantes do Rio de Janeiro e de São Paulo na iniciativa. Em Brasília, contará com a participação de 50 estabelecimentos.

“Estamos felizes em fazer parte dessa história de sucesso e de poder incentivar o consumo do pirarucu de manejo, apoiando o desenvolvimento da cadeia produtiva sustentável. No almoço, tivemos a oportunidade de mostrar a iniciativa a colegas de outros países”, afirmou o Encarregado de Negócios dos Estados Unidos, Douglas Koneff, que lidera os trabalhos da Embaixada e dos Consulados dos EUA no Brasil até a chegada de um novo embaixador.

Participaram do evento os embaixadores Ignácio Ybãnez, da União Europeia no Brasil; Heiko Thoms, da Alemanha; Brigitte Colett, da França; além da ministra conselheira da Noruega, Camilla Rie Høgberg-Hoe; e do diretor da USAID/Brasil, Ted Gehr.

Representando as instituições parceiras estavam Andreia Bavaresco, do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB); Pedro Constantino, do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS); e Adevaldo Dias, presidente do Memorial Chico Mendes e integrante da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC). 

O cardápio foi assinado pelos chefs renomados Ricardo Lapeyre, que comandou por seis anos o restaurante Laguiole e abriu em fevereiro o Escama, no Rio de Janeiro, e Mara Alcamim, do Universal, em Brasília.

A USAID/Brasil apoia projetos de sustentabilidade do pirarucu há muitos anos -- desde a década de 1980, quando o peixe dos grandes rios amazônicos entrou para a lista de espécies ameaçadas, até os primeiros esforços de comunidades tradicionais (incluindo indígenas e ribeirinhos) para iniciar áreas de manejo sustentável em lagos naturais. 

Atualmente, o apoio se dá por meio do Projeto Cadeias de Valor Sustentáveis, implementado pelo IEB, com assistência técnica do Serviço Florestal dos EUA, ambos implementadores da Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB). O trabalho conta também com a participação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 

“Para a USAID/Brasil é um orgulho apoiar projetos com resultados como os do Gosto da Amazônia, que além de ajudar a conservar a espécie promove a geração de renda para as comunidades tradicionais que vivem na Amazônia”, disse Ted Gehr.

O pescado do Gosto da Amazônia é comercializado pelo Coletivo do Pirarucu, um consórcio de organizações da sociedade civil e de base comunitária das famílias que praticam o manejo comunitário. A centralização do arranjo comercial cabe à ASPROC, que trabalha com comunidades ribeirinhas no território do Médio Juruá, no Amazonas, e compra pirarucu sustentável de todo o estado.

Resultados - O projeto da cadeia sustentável do pirarucu comercializa cerca de 10% da produção anual manejada do peixe no Amazonas. Com isso, mais de 2.100 pessoas já tiveram sua renda anual acrescida, em um total de R$ 1,2 milhão. 

A iniciativa promoveu também um aumento de 75% do valor pago aos manejadores pelo peixe, protegendo diretamente quase 200 mil hectares na Amazônia e indiretamente mais de 11 milhões de hectares em 16 áreas protegidas.

Com o incremento da renda, as famílias de manejadores são capazes de permanecer envolvidas com atividades sustentáveis ao invés de ceder às grandes pressões de atividades degradantes, como o desmatamento e grilagem de terras, tráfico de animais silvestres e de drogas, e garimpo - que pode ter impactos negativos severos sobre as cadeias produtivas de pescado na região. 

Por meio do Projeto Cadeias de Valor Sustentáveis, o Gosto da Amazônia vem conseguindo inserir o pirarucu selvagem de manejo em mercados com maior potencial de compra. Na safra de 2020, a estimativa é que 30% do total pescado seja vendido fora do estado do Amazonas. 

Outra estratégia do projeto é fortalecer as organizações comunitárias para que protejam seus territórios, agreguem valor à produção e acessem políticas públicas de comercialização. Atualmente mais de 70% do produto é vendido para a alimentação escolar do Amazonas, garantindo comida de qualidade às crianças e renda justa às comunidades envolvidas. 

“Foi muito oportuno falar para países que se preocupam com as mudanças climáticas e dizer que nós das comunidades tradicionais da Amazônia fazemos nossa parte e projetos como o Gosto da Amazônia, apoiado pela USAID, é uma forma de fortalecer essas iniciativas”, afirma Dias.