Da floresta ao Rio, Festival Gosto da Amazônia une sustentabilidade e gastronomia
O pirarucu selvagem, um dos símbolos da Amazônia, é o destaque de um festival gastronômico que acontece neste mês de julho no Rio de Janeiro e mais duas cidades próximas - Niterói e Nova Iguaçu. Mais de 70 estabelecimentos participam nos três municípios. Em setembro, será a vez da capital federal, Brasília, e também de Manaus receberem o evento.
O Festival Gosto da Amazônia visa divulgar o pescado e mostrar que o manejo sustentável feito por comunidades indígenas e ribeirinhas contribui para a preservação da espécie e para o desenvolvimento econômico e social da região.
Maior peixe de escamas de água doce do mundo, chegando a metros e com até 200 quilos, o pirarucu quase desapareceu nos anos 1980 dos rios da Amazônia por causa da pesca predatória.
Graças ao manejo comunitário, iniciado há mais de 20 anos por ribeirinhos e indígenas, passou a simbolizar uma das iniciativas bem-sucedidas de conservação da biodiversidade e de geração de renda sustentável. Atualmente, a pesca é feita com autorização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O arranjo produtivo e comercial da marca coletiva Gosto da Amazônia é feito sem intermediários, desde o contrato com os pescadores até o transporte nas áreas de manejo e o processamento nos frigoríficos. Por meio da prática de comércio justo, tem garantido melhores preços para os manejadores, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia de COVID-19.
Com apoio da USAID/Brasil, o Gosto da Amazônia"é uma iniciativa implementada pelo Coletivo do Pirarucu, um consórcio de organizações da sociedade civil e de base comunitária das famílias manejadoras. Recebe assistência técnica do Serviço Florestal dos Estados Unidos e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A centralização do arranjo comercial cabe à Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), que trabalha com comunidades ribeirinhas no território do Médio Juruá (AM).
"A estratégia de apoiar os pescadores e remunerar melhor pelo pescado tem tido sucesso e gerado renda sustentável para as comunidades ribeirinhas e populações indígenas”, diz Pedro Constantino, coordenador de programas do Serviço Florestal dos Estados Unidos.
Na busca pelo comércio mais justo, um esforço do Coletivo do Pirarucu levou à inclusão do peixe de manejo na lista de produtos da Política de Garantia de Preços Mínimos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), gerenciada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), um órgão do governo federal brasileiro.
Com isso, o pescado passou a ter preço mínimo garantido pela Conab -- pequenos pescadores que comprovarem a venda por valores abaixo desse mínimo têm direito a um auxílio. No fim de 2020, pescadores do município de Carauari, no sudoeste do Amazonas, foram os primeiros a receber o pagamento dessa subvenção.
Sucesso - No final de 2020, o Festival Gosto da Amazônia foi realizado em São Paulo e contou com a parceria de mais de 30 restaurantes, que criaram receitas exclusivas com o pescado.
Foram vendidos cerca de 1,5 toneladas de pirarucu de manejo sustentável, saboreados por cerca de 5 mil pessoas. As equipes dos dois restaurantes que mais venderam pratos com o pescado, NB Steak e Le Jazz, ganharam mochila térmica personalizada e peça de barriga de pirarucu. Juntos, comercializaram mais de 500 quilos de peixe.
Na capital fluminense, as equipes dos restaurantes que mais venderem o prato durante o evento em julho também serão premiadas com o kit.
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