Cadeia da borracha: renda sustentável para comunidades e floresta em pé
Março, 2024 – Um esforço conjunto de associações agroextrativistas e parceiros desenvolvido em seis municípios do Amazonas já dá resultados promissores – registrou em um crescimento na produção de borracha, gerando renda direta para as famílias envolvidas. Ao mesmo tempo contribui com a floresta em pé, conservando a biodiversidade da Amazônia.
O trabalho vem sendo feito por meio do projeto Juntos pelo Extrativismo da Borracha Amazônica, que promoveu o 2º Grande Encontro Estadual do Extrativismo da Borracha, no final de fevereiro, em Manaus. São 16 associações agroextrativistas envolvidas, distribuídas nos municípios de Canutama, Itacoatiara, Pauini, Manicoré, Barcelos e Eirunepé.
Os participantes ressaltaram a necessidade de ações colaborativas entre os diversos atores envolvidos, abordando questões como a redução de impostos e os desafios logísticos para garantir a viabilidade da cadeia, reforçando assim a necessidade de ampliar os arranjos.
“Se não investir na cadeia produtiva, ela não se sustenta. A gente precisa pensar na borracha não apenas como borracha, mas com tudo que ela representa, o que e quem está por trás, e, mais do que isso, pela floresta”, enfatiza José Roberto de Lima, presidente da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas de Pauini.
Com a participação de 80 convidados, incluindo representantes da sociedade civil, empresas e autoridades públicas, o encontro buscou também sensibilizar os governos federal, estadual e municipal sobre a importância de atender às demandas do setor, promovendo o reconhecimento e a valorização do trabalho dos seringueiros e seringueiras no Amazonas.
O projeto “Juntos pelo Extrativismo da Borracha Amazônica” conta com o apoio da USAID, da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), da Alliance Bioversity International - CIAT, do Consultative Group on International Agricultural Research (CGIAR), da Fundação Michelin e da Conexsus. Os gestores são o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), o Memorial Chico Mendes, Michelin Brasil, Imaflora e WWF-Brasil.
Mais de 500 famílias foram beneficiadas, promovendo diretamente a conservação de 145 mil hectares da Amazônia por meio do manejo sustentável da borracha. Além disso, seu alcance ambiental se estendeu a mais de 1,3 milhão de hectares, incluindo quatro Unidades de Conservação. No segundo ano de extração de látex com o apoio do projeto, foram produzidas mais de 130 toneladas de borracha nativa, gerando de R$ 1,8 milhão de renda para as famílias participantes.
Carta – No encerramento do evento houve a divulgação de uma carta com reivindicações para governos visando fortalecer a cadeia, como a isenção de um tipo de imposto – o ICMS – para produtos da sociobiodiversidade e a disponibilização de kits de equipamentos usados na extração do látex.
“Eu sempre digo que o principal produto, que tem um simbolismo muito grande com a história de ocupação da Amazônia, é a borracha. A partir dela é que vamos começar a valorizar a nossa floresta do ponto de vista da sua conservação”, afirma Júlio Barbosa, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e um dos organizadores do encontro.
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