Viveiristas e brigadistas indígenas discutem ações de combate às queimadas e secas em Roraima

Situação climática afeta comunidades; encontro trata de planos de ação

Outubro/Novembro, 2024 – “O igarapé está seco e isso é preocupante para nós. Tínhamos uma roça comunitária, com uma parte de maniva (mandioca), que está secando. Também nos preocupamos com a fonte de água para consumo, tanto nosso quanto dos animais – gado e cavalos –, que sentem essa seca”, diz o indígena Creife Menandro, tuxaua (líder) da comunidade Taxi, na região Surumu, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no estado de Roraima. 

O relato foi feito durante uma das atividades na “Oficina de Viveiristas e Brigadistas Comunitários Indígenas”, realizada em Boa Vista (capital de Roraima). O objetivo do encontro foi a capacitação e o apoio à implementação dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) das Terras Indígenas. Foram discutidas a estrutura e as condições de atuação desses agentes nas comunidades. Também houve decisões relacionadas ao plano de queimas controladas para plantação de roça e ao conteúdo da cartilha de educação ambiental, além da troca de experiências de ações nos territórios. 

Os brigadistas e viveiristas também trabalham com sementes e mudas de espécies nativas usadas na medicina tradicional e no florestamento e reflorestamento de áreas degradadas. Essa atuação direta em ações de preservação ambiental e conservação da biodiversidade foi destacada pelo tuxaua geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Edinho Batista. “É fundamental a realização desse encontro, porque com poucos recursos fazemos grandes ações. Importante que haja um planejamento estratégico sábio e eficiente capaz de combater o efeito das mudanças climáticas”, ressaltou.

A oficina foi promovida pelo Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC) do CIR, com o apoio da USAID, do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Instituto Terra Brasilis, Operação Amazônia Nativa (OPAN) e outros parceiros. Em um momento desafiador de queimadas e seca no Brasil, especialmente na Amazônia, os conhecimentos e modos de vida dos povos indígenas podem trazer soluções para um futuro melhor.

A tuxaua geral do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana, apresentou reflexões sobre o cuidado com o meio ambiente e os seus recursos naturais, as ameaças nos territórios e ações externas que geram impactos nas comunidades indígenas. “Os brigadistas e viveiristas têm feito um grande trabalho em prol da vida dos animais e das pessoas. Precisamos valorizar. E eu pergunto, o que será de nós sem os animais? O que será de nós sem a floresta?”, refletiu.

Um dos pontos de discussão também foram os viveiros de mudas de plantas nativas, construídos em comunidades indígenas como parte da implementação do PGTA – já foram montados 11 viveiros em seis regiões (Wai-Wai, Amajari, Surumu, São Marcos, Serra da Lua e Raposa Serra do Sol). Participaram das atividades além de brigadistas e  viveiristas, lideranças indígenas e representantes do Departamento Jurídico e da Executiva do CIR. 

Mais informações no site do CIR