Projeto 'Cadeias de Valor Sustentáveis' fortalece economias e organizações
Dezembro, 2022 / Janeiro, 2023 - Parceiros de todo o Brasil estiveram em Brasília entre os dias 7 e 9 de dezembro para o "Seminário Final Integrador" do Projeto Cadeias de Valor Sustentáveis. O encontro teve como objetivo fazer uma reflexão sobre os desafios superados e os aprendizados nos oito anos do projeto que alcançou 40 mil pessoas em quatro estados da Amazônia brasileira em um território de mais de dois milhões de hectares.
O projeto priorizou as cadeias de valor de quatro produtos da sociobiodiversidade com alto valor de mercado historicamente manejados pelas populações indígenas e tradicionais: o açaí, a castanha-da-amazônia, o pirarucu e também a madeira de manejo comunitário e familiar.
"Foram oito anos de projeto em um período que a gente teve mudanças significativas no Governo Federal, nos governos estaduais e municipais, além da pandemia que praticamente paralisou o projeto por quase dois anos. É perceptível as transformações que a gente viu individualmente, nas organizações e nos territórios", disse Pedro Constantino, consultor do Serviço Florestal dos Estados Unidos, ao abrir o evento.
Em cada ano de implementação, de 240 a 1,2 mil pessoas foram treinadas para aprimorar suas funções nas cadeias de valor e no manejo dos recursos naturais em seus territórios. Apenas em 2021, 71 organizações de base comunitárias foram capacitadas para liderar negócios sustentáveis na Amazônia.
A Associação dos Agropecuários de Beruri (ASSOAB) é uma das organizações que tiveram êxito nestes anos de execução do projeto. É a primeira usina de base comunitária a receber a certificação do Ministério da Agricultura para exportar castanhas. A usina é hoje a segunda maior fonte de renda dos moradores de Beruri (AM), ficando atrás apenas da prefeitura. É a primeira vez também que a ASSOAB é liderada por uma mulher, Sandra Amud. O papel das mulheres ganha destaque em todo o trabalho realizado pela ASSOAB, que gera emprego para 40 mulheres ao longo de todo o ano.
O trabalho expressivo das mulheres nos negócios e nas comunidades em que o projeto foi destacado durante todo o encontro com diversos depoimentos como o de Shirley Arara que contou o apelo feito ao cacique da sua aldeia para incluir as mulheres nos trabalhos que geram renda. "Falar do trabalho da mulher é falar da economia, do cuidado", enfatizou. As mulheres representam hoje 48% das pessoas beneficiadas socioeconomicamente pelo Cadeias de Valor Sustentáveis.
Para Andreia Bavaresco, o encontro deve ser visto como um momento de formação de um projeto concluído com muito êxito: "A gente implementou uma estratégia de gestão territorial e ambiental de áreas protegidas da Amazônia. Milhares e milhares de hectares. Mantendo a floresta em pé e preservando os modos de vida tradicionais dos povos da floresta. Isso nos dá muita energia para continuar. Sigamos juntos, fortes, criativos e resilientes". Andreia agradeceu em nome do IEB a parceria com a USAID pela confiança e liberdade para a implementar e inovar. "Obrigada pela sensibilidade", finalizou.
"Temos uma história de sucesso para contar. Temos que sentir muito orgulho. Tivemos parceria com o setor privado, com a sociedade civil e uma parceria complexa, mas essencial com o governo federal. Essa variedade de parcerias nos permite viver esse momento de celebração", ressaltou Catherine Hamlin, diretora de Meio Ambiente da USAID Brasil.
Celebração - Um almoço que teve como estrela o pirarucu foi um destaque nesse momento de celebração. Feito sob medida para a ocasião pelas Chefs Fabiana Pinheiro e Roberta Azevedo, o almoço foi uma mostra das conquistas da marca Gosto da Amazônia. Criada no âmbito do projeto, a marca comercializa o pirarucu de manejo garantindo a preservação da espécie e renda justa para os pescadores.
Fabiana foi uma das chefs brasileiras que se apaixonou pelo projeto e hoje cria com frequência diferentes pratos com o pescado. Segundo ela, a aceitação do público cresce exponencialmente e hoje o peixe é o prato mais vendido do restaurante badalado que trabalha em Brasília. “Hoje eu vendo mais pirarucu do que filé mignon”. As duas chefs viajaram para a comunidade de São Raimundo, no médio Juruá, no estado do Amazonas, para conhecer a pesca e entender todo o processo do pescado até chegar em seus restaurantes.
Em três anos de implementação da estratégia do Gosto da Amazônia de levar o peixe para novos mercados, o pirarucu passou a ser vendido para o mercado privado no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Recife e interior dos estados de Minas Gerais e São Paulo.
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