Programa de formação terá como foco gestão para empreendimentos comunitários

Atendendo a uma demanda das próprias comunidades da região amazônica, representantes de povos indígenas e populações tradicionais, gestores de associações e cooperativas vão participar, a partir de meados de abril, de um programa de formação voltado para gestão de empreendimentos comunitários.

Com a modelagem desenvolvida de forma participativa e remota, já durante a pandemia de COVID-19, o curso FORMAR Gestão será oferecido totalmente online.

O programa vem na esteira da experiência do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) com o FORMAR Castanha, que promoveu a capacitação de castanheiros para boas práticas de produção e comercialização na cadeia de valor sustentável do produto. 

Com esse novo projeto, voltado para o fortalecimento da gestão de empreendimentos comunitários, a meta é atender a até 50 alunos, selecionados em várias comunidades, Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas apoiados pela Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB). Cada empreendimento comunitário pode indicar até dois cursistas, com incentivo para que pelo menos uma das indicações seja de uma mulher.

O comitê pedagógico que criou a estrutura, módulos e conteúdo do curso foi formado por representantes de oito organizações, incluindo o IEB. São elas: Operação Amazônia Nativa (OPAN), Pacto das Águas (Pacto), Fundação Vitória Amazônica (FVA), Memorial Chico Mendes (MCM), Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS). 

Entre os temas a serem abordados estarão gestão, sustentabilidade e viabilidade econômica de três importantes cadeias de valor sustentáveis na Amazônia - castanha-do-Brasil, açaí e pirarucu. A proposta do processo formativo é qualificar gestores e assessores em conhecimentos, técnicas, métodos e instrumentos essenciais para a melhor execução de tarefas e tomada de decisão relacionadas à gestão de empreendimentos comunitários da Amazônia.

"A pandemia mostrou que o ensino remoto pode ajudar povos e comunidades tradicionais a se fortalecerem. Será um desafio migrar para o ambiente totalmente virtual nessa formação", avalia o assessor de projetos do IEB, André Tomasi. Para garantir o acesso às aulas, foi feito um mapeamento dos locais que contam com internet e equipamentos que permitam o ensino remoto. 

Tomasi lembra que os organizadores também utilizaram as lições aprendidas na modelagem do programa de formação Entre Parentas, iniciado em março e voltado exclusivamente a mulheres indígenas. Nesta primeira edição estão sendo atendidas 32 mulheres que vivem em Terras Indígenas das regiões dos rios Madeira e Purus (conheça aqui).

Ao final do processo formativo espera-se que os participantes estejam aptos a identificar, por exemplo, práticas alternativas, entraves, desafios e oportunidades relacionados à gestão dos empreendimentos comunitários visando ao fortalecimento de negócios sustentáveis.

Ampliando horizontes - O curso de formação está inserido no projeto Cadeias de Valor Sustentáveis e Gestão Territorial e Ambiental em Áreas Protegidas da Amazônia Brasileira, que tem suporte da USAID/Brasil por meio da PCAB. 

O projeto de cadeias de valor tem o objetivo de preservar a biodiversidade de áreas protegidas da Amazônia e avançar na promoção do bem-estar e da autonomia de comunidades por meio da gestão territorial e ambiental. Entre os focos estão as cadeias da castanha-do-Brasil, do pirarucu, do açaí e da madeira, trabalhando diretamente com 26 Terras Indígenas e 22 UCs em três estados (Rondônia, Amazonas e Pará). Envolve cerca de 400 comunidades tradicionais e indígenas.

Desde o ano passado, o IEB lidera um consórcio de parceiros implementadores do projeto, que terá duração de dois anos. A equipe do USFS fornece cooperação técnica nas áreas de desenvolvimento de cadeias de valor e consolidação de coletivos de produtores e o ICMBio está envolvido no desenvolvimento e implementação das atividades nas UCs federais.