Povos da floresta e pesquisadores retomam troca de saberes em programa de monitoramento da biodiversidade
Moradores de comunidades tradicionais da Amazônia, gestores de Unidades de Conservação (UCs) e pesquisadores voltam a se reunir a partir de 2022 em eventos presenciais do Encontro dos Saberes, depois de quase dois anos de suspensão por causa da pandemia de COVID-19.
Nos encontros, além da troca de experiências e de conhecimentos entre moradores locais e pesquisadores, há a apresentação dos resultados de monitoramento das espécies e discussão de novas necessidades que surgem em cada um dos locais.
O Encontro dos Saberes é parte do Projeto de Monitoramento Participativo da Biodiversidade (MPB), que integra o Monitora - Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade. O monitoramento é realizado pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas em 18 áreas protegidas juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) dentro da Parceria para a Conservação da Biodiversidade da Amazônia (PCAB), com apoio da USAID/Brasil.
Sempre antes de acontecer o Encontro é realizada, em cada comunidade, uma etapa informativa para que os participantes cheguem ao evento já com uma prévia das discussões e dos resultados obtidos. O objetivo é fomentar ideias para que o debate seja efetivo.
O calendário para o ano está sendo montado, mas há pelo menos três eventos programados. Um deles será realizado em fevereiro na Reserva Extrativista (Resex) do Rio Cautário, no Estado de Rondônia, onde é feito o monitoramento da cadeia de castanha-do-Brasil. No mês seguinte, a vez será da Reserva Biológica (Rebio) Trombetas, onde o monitoramento é de quelônios. E em março está prevista a reunião na Resex Cazumbá-Iracema, no Acre.
"Estamos em um fechamento de ciclo do projeto, por isso temos o desejo de deixar as equipes bem engajadas e fortalecidas na iniciativa para que possam dar continuidade quando sairmos", diz Pollyana Figueira, coordenadora executiva do MPB.
O projeto entra em 2022 na etapa final, mas a proposta do IPÊ é fortalecer as equipes locais, formadas também por moradores e monitores comunitários, para que eles possam juntamente com o ICMBio dar continuidade ao trabalho de monitoramento das várias espécies, entre elas de quelônios, peixes e castanha.
"A gente conseguiu chegar aos objetivos de implementar o monitoramento participativo e apoiar a institucionalização do Monitora dentro do ICMBio. Dá uma sensação de dever cumprido", completa Cristina Tofoli, coordenadora geral do MPB no IPÊ.
No segundo semestre de 2021, dentro do projeto, houve o lançamento da publicação “Encontro dos Saberes – Uma Nova Forma de Conversar a Conservação” que detalha o projeto (tenha acesso ao livro aqui).
Desde a sua implementação, em 2013, o projeto beneficiou cerca de 4.000 pessoas em 18 unidades de conservação, o que totaliza mais de 12 milhões de hectares de floresta.
Saiba mais sobre o projeto.