Horta da Terra é a primeira aplicação da metodologia TerraBio
Agosto, 2022 - A Horta da Terra é uma startup produtora de plantas alimentícias não convencionais (chamadas de PANCs). Além de trabalharem com plantas amazônicas, como jambu, a empresa produz em sistema sintrópico, no qual se plantam frutas, hortaliças e legumes em uma mesma área, o que aumenta a produtividade e reduz a necessidade de utilização de insumos agrícolas.
Em 2021, a iniciativa recebeu investimento do Amazon Biodiversity Fund (ABF-Brasil), co-criado pela USAID, Mirova e Alliança. Como parte do programa de monitoramento de impacto do fundo - tanto em relação a ações ambientais quanto sociais -, a Horta da Terra será avaliada por meio de inovadora metodologia para calcular o impacto ambiental associado com a implementação de práticas sustentáveis.
O TerraBio é uma abordagem de monitoramento, avaliação e análise para gerar evidências sobre impactos ambientais para empresas que comercializam produtos da floresta, de agropecuária sustentável, e invistam em modelos de negócios sustentáveis. A ferramenta integra tecnologias de sensoriamento de ponta com técnicas inovadoras de coleta de dados sobre biodiversidade.
Os dados de satélite são coletados por meio de parceria com o programa SERVIR Amazônia e o Spatial Informatics Groups (SIG), que também apoiam na análise de dados do TerraBio. Já para fazer a análise do DNA ambiental, ou eDNA, é preciso coletar amostras de solo das áreas selecionadas, para que possam ser analisadas em laboratório especializado. Foi por isso que a equipe da Aliança foi até a propriedade da Horta da Terra no Pará, como explica Wendy Francesconi, responsável pelo componente ambiental do programa CAL-PSE.
“Está é a primeira aplicação prática do TerraBio. Viemos até a fazenda da Horta da Terra para coletar amostras de solo para fazer a comparação entre a área de intervenção da horta, que é um sistema sintrópico, com as áreas de floresta, os bichinhos que a análise de eDNA dessas amostras detecta. Além de comparar com amostras de uma propriedade vizinha, que, que tem uma atividade agrícola convencional”, explicou Francesconi.
Foram coletadas mais de 70 amostras de solo entre as três áreas, que foram armazenadas de duas maneiras diferentes para garantir sua preservação até a chegada no laboratório – com gel de sílica e em líquido especial que ajuda a manter o eDNA. A coleta foi feita em conjunto com empreendedores e funcionários da Horta da Terra, que foram treinados na metodologia.
“Começamos a visita fazendo o treinamento do TerraBio com o pessoal da Horta no escritório. Explicamos a metodologia e protocolo da coleta. Depois viemos para a fazenda, e fizemos uma prática juntos para todos ver certinho como se coletam as amostras. É muito importante ter o engajamento dos negócios na produção dos dados, pois a intenção é que sejam feitas análises durante 10 anos. Queremos que sejam os próprios negócios que deem seguimento às coletas no futuro, e quando os resultados voltarem para eles, eles vão entender o que eles significam. “Esse processo é muito importante pra gente porque além de facilitar essa coleta de aqui para o futuro, eles fazem parte do monitoramento e nesse sentido, fazem parte do processo completo de avaliação e monitoramento do seu próprio negócio”, disse Francesconi.
Para a Horta da Terra, participar da pesquisa também é muito positivo pois ajuda a trazer validação de que estão no caminho certo. “A gente entende pelos vizinhos e pelo que a gente viu quando a gente chegou e como nós estamos hoje, que houve um incremento muito grande de biodiversidade. Tanto a nível de insetos, de fungos, de bactérias do solo, da vida do solo, quanto de vida maior, etc. Então, com essa parceria com o TerraBio, a gente vê a viabilidade técnico-científica dessa comprovação. Para sair do achismo. Vamos conseguir ter esse comparativo, vamos ter dados para embasar essa nossa tese” comemorou André Bueno Barros, engenheiro agrônomo e diretor operacional da Horta da Terra.
As amostras de solo foram enviadas logo em seguida para laboratório especializado que as analisará para identificar os traços de eDNA que possam ajudar a determinar os diferentes animais presentes na propriedade. Após essa análise, os resultados serão integrados às imagens de satélite e apresentados à Horta da Terra.
O programa CAL-PSE - Negócios de impacto, soluções baseadas na natureza, investimentos ESG, todas essas iniciativas têm em comum a vontade de produzir um sistema econômico mais sustentável e socialmente justo. Para que esses modelos se tornem prevalentes, é preciso ter evidências claras do seu impacto na conservação da biodiversidade e na melhoria da qualidade de vida das populações locais. Portanto é fundamental o desenvolvimento de padrões e ferramentas que possam garantir transparência aos impactos dos investimentos na biodiversidade e no bem-estar das populações que vivem no local.
O programa Catalisar e Aprender a partir do Engajamento com o Setor Privado (CAL-PSE) é fruto de uma parceria única entre a USAID/Brasil e a Aliança Bioversity International e (CIAT). O objetivo é transformar a maneira como abordamos a conservação na Amazônia Legal brasileira em conjunto com a melhoria do bem-estar das comunidades locais. Ao mobilizar a participação ativa do setor privado na implementação de ações e no financiamento do desenvolvimento sustentável, a proposta é intensificar o envolvimento de empresas no fortalecimento e na inovação de iniciativas de conservação.
O time de Monitoramento, Avaliação e Aprendizado (MEL) do CAL-PSE conjuga rigor científico e tecnologia de ponta para desenvolver soluções de monitoramento e avaliação que permitem o gerenciamento de projetos. São metodologias e ferramentas que garantem transparência; produzem e refinam diretrizes de atuação, e tornam visíveis o seu impacto em longo prazo — tanto para a biodiversidade quanto para as populações locais de cada território.
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