Empoderamento feminino: Curso estimula indígenas a criar projetos e fortalecer seu papel nas comunidades
O programa de formação Entre Parentas nasceu com o objetivo de fortalecer as capacidades e o papel de mulheres indígenas em cadeias de valor sustentáveis. Neste meio tempo já rendeu resultados com impacto positivo nas comunidades, como projetos de produção de castanha, de óleo de babaçu e até a construção de sistemas agroflorestais.
Neste ano está em fase de encerramento, com um módulo a ser realizado em março. A ideia agora é entregar às mulheres ferramentas que possam servir como uma espécie de consultoria da própria experiência e inspiração para novas ações.
O Entre Parentas, iniciado em março de 2021, faz parte do projeto Nossa Terra II: Gestão Territorial Indígenas no Sul do Amazonas, que é um componente do Programa Cadeias de Valor Sustentáveis e Gestão Territorial e Ambiental na Amazônia. É implementado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) com o apoio da USAID/Brasil, no âmbito da PCAB, e de outros parceiros, como a Operação Amazônia Nativa (OPAN) e oito organizações indígenas (APIJ, APITEM, APITIPRE, OPIPAM, OPIAM, OPIAJ, OPIAJBAM e FOCIMP).
Foi a primeira experiência do projeto voltada exclusivamente para mulheres indígenas, que atende 32 participantes do sul do Amazonas, das regiões dos rios Madeira e Purus. Elas foram indicadas pelas próprias comunidades e organizações locais.
"É uma ação muito importante para a gente. Temos muito apreço pela formação continuada e dialogada com os públicos parceiros. Construímos o programa com a ideia de valorizar o papel das mulheres nas cadeias de valor e gestão territorial indígenas", explica Sara Gaia, coordenadora-adjunta do programa Povos Indígenas do IEB.
Como o programa de formação teve de ser realizado a distância por causa da pandemia de COVID, a infraestrutura de comunicação nas aldeias foi reforçada, com a entrega de kits com celulares, tablets, fones de ouvido e outros equipamentos, para possibilitar o acesso das mulheres à Plataforma FORMAR, ambiente virtual de aprendizagem do instituto (conheça a versão aqui).
A coordenadora se refere ao projeto Um Território Chamado Internet, que consiste em uma série de seis vídeos curtos. Lançada em fevereiro, discute as oportunidades e formas de minimizar os impactos da chegada da internet em diversas localidades pelo Brasil, incluindo comunidades indígenas. Os vídeos estão disponíveis no Youtube e podem ser compartilhados pelas redes sociais (saiba mais aqui).
Conteúdos - Entre os temas abordados durante os módulos realizados em 2021 estão, por exemplo, conteúdos voltados ao papel da mulher na organização social da produção e melhores práticas econômicas; ao aprimoramento de habilidades de gerenciamento de projetos e introdução de novas tecnologias.
"No segundo módulo trabalhamos com as mulheres ferramentas para que elas pudessem construir seus próprios projetos e os resultados estamos vendo agora", afirma Gaia.
Segundo Dilacy Apurinã, uma das participantes do programa, o curso vem ajudando as mulheres a se sentirem valorizadas e mostrarem seu trabalho. “Todos os projetos do IEB foram ótimos, mas esse com as mulheres é muito rico, contribui com o fortalecimento. Queremos dar um passo com as mulheres para que elas se sintam valorizadas, tanto no artesanato como no plantio. Eu quero que isso seja uma oportunidade para fazer uma feira com as mulheres. A nossa comida é muito rica, mas com esse pequeno projeto vai ser inesquecível, vai ser um passo para andarmos com as próprias pernas", diz a indígena.