Economia da Sociobiodiversidade: construindo um mercado que ajuda a proteger a Amazônia
Agosto, 2022 - A ampliação de laços e as trocas de experiências, principalmente entre representantes de empreendimentos comunitários, marcaram o seminário “Economias da Sociobiodiversidade: a Construção Social do Mercado”. O evento, realizado no final de junho em Belém (PA), reuniu mulheres extrativistas, lideranças comunitárias e redes de organizações que atuam com o fortalecimento do manejo florestal de uso múltiplo na Amazônia para dialogar sobre estratégias de comercialização de produtos da sociobiodiversidade.
Foi uma iniciativa do Observatório do Manejo Florestal Comunitário e Familiar (OMFCF) em parceria com o projeto Promoção de Cadeias e Gestão Territorial e Ambiental de áreas Protegidas, apoiado pela USAID/Brasil dentro da Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB). O projeto é executado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB).
“O nosso objetivo foi fortalecer o debate entre redes de empreendimentos comunitários que atuam junto a cadeias produtivas da sociobiodiversidade da Amazônia, em especial açaí, castanha, madeira e pirarucu. O Manejo Florestal Comunitário e Familiar praticado por povos e comunidades tradicionais mantém a floresta em pé e se apresenta como uma alternativa para a construção de um modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável, social e economicamente justo”, afirma Alisson Castilho, representante da secretaria executiva do OMFCF e coordenador do Programa Territorialidades, Florestas e Comunidades do IEB.
O seminário marcou o encerramento do Formar Gestão, o Programa de Formação Continuada em Gestão de Empreendimentos Comunitários na Amazônia, iniciativa que integra o projeto Cadeias de Valor Sustentáveis, fruto da parceria entre USAID/Brasil e o governo brasileiro.
A formação, iniciada em julho de 2021, contou com cerca de 40 participantes de diversas cadeias de valor, entre elas manejo florestal comunitário, castanha, açaí, pirarucu e jacaré (conheça mais aqui).
Coordenado pelo IEB, o curso contou com o envolvimento da Operação Amazônia Nativa, Fundação Vitória Amazônica, Pacto das Águas, Memorial Chico Mendes, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, ICMBio e Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS).
Programação - O seminário foi composto por três mesas temáticas, sendo que a primeira abordou a gestão de empreendimentos comunitários na Amazônia.
“O manejo do pirarucu selvagem, para gente, é um símbolo de luta, de resistência e de relação com a preservação das nossas florestas indígenas. É um grande feito e, em relação a outras atividades que a gente realiza, representa a nossa história e coletividade”, afirmou Diomir Santos, da Associação Comercial de Jutaí, um dos participantes.
Desafios logísticos, formação de preço, acesso a canais de comercialização e conflitos nos territórios foram alguns pontos comuns nas falas das lideranças. “O manejo florestal da madeira foi e continua sendo muito marginalizado. Mas, além de gerar renda, é uma estratégia de defesa do território”, afirmou Edilene Silva, da Reserva Extrativista Verde Para Sempre (saiba mais sobre o manejo aqui).
A segunda mesa abordou a relevância econômica e social das cadeias da sociobiodiversidade para a economia da Amazônia. Já a última rodada de debate tratou da possibilidade de fortalecimento do trabalho em rede em prol das cadeias de valor na região amazônica.
Durante o evento, houve também uma exposição, em que mulheres da Cozinha Coletiva do Beira Amazonas, no Estado do Amapá, apresentaram o livro “Receitas da Culinária Agroextrativista”, obra com dez receitas feitas à base de frutos, óleos, sementes e outros derivados da floresta. A cozinha coletiva é uma experiência solidária de inclusão produtiva sustentável de famílias agroextrativistas a partir do protagonismo feminino.
Também foi realizada uma exposição e comercialização de artesanato feito por mulheres indígenas da etnia Warao.
A íntegra do seminário está disponível em vídeo.