Curso promove capacitação em gestão territorial e ambiental em Terras Indígenas

Indígenas de comunidades do Maranhão e de Tocantins, agentes de movimentos sociais e gestores de órgãos públicos estão entre os participantes do curso “Pryhhrejara Wiràmiri” - Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas (TIs). O nome significa “passarada” em duas línguas - Timbira e Tenetehara (faladas pelas etnias Timbira e Guajajara) - e foi escolhido pelos indígenas com o intuito de representar os cursistas como semeadores do conhecimento adquirido ao longo do curso.

Realizado online desde março deste ano, o programa de formação tem o objetivo de fortalecer a discussão e as ações de gestão em TIs e outros territórios de uso tradicional na Amazônia. Para desenvolver as atividades respeitando as medidas de isolamento decorrentes da pandemia de COVID-19, foi criada uma plataforma virtual de aprendizagem e de acompanhamento dos alunos em lugares remotos e com difícil acesso à internet. Vídeos e materiais informativos estão disponíveis para orientar os participantes no uso da ferramenta. 

Um aplicativo para celular também foi desenvolvido com o objetivo de facilitar o acesso à plataforma de ensino a distância. Ele oferece uma rápida interação aos conteúdos do curso de forma leve e funcional, podendo ser usado no modo offline e adaptado a celulares antigos. Para facilitar o acesso de cursistas, foram distribuídos 48 aparelhos de celular já com todas as funções habilitadas e aplicativo instalado. 

“É bom poder participar das aulas, não em todas devido às dificuldades de acesso à internet em áreas remotas, mas tenho conseguido assimilar os conteúdos. As aulas são muito interessantes, pois trazem a realidade das comunidades", afirma Ana Rosa Marques, analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que atua com o programa de brigadas indígenas federais no Maranhão.

O curso é parte do projeto Gestão Ambiental e Territorial Integrada de TIs na Amazônia Oriental, apoiado pela Parceria para a Conservação da Biodiversidade da Amazônia (PCAB).

Criado em 2019 por meio de um acordo de cooperação entre a USAID/Brasil e o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), o programa tem também a participação do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), da organização Wyty-Catë das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins, da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (COAPIMA) e da Articulação das Mulheres Indígenas do Maranhão (AMIMA). 

Planejamento participativo - Representantes dessas entidades integraram o grupo pedagógico responsável por planejar, monitorar e avaliar as atividades do curso. Foi firmada uma parceria com a Universidade Estadual da Região Tocantins do Maranhão (UEMASUL) para a certificação final. 

“Para mim, o curso está sendo uma ferramenta muito profunda de conhecimento e tem contribuído para a capacitação”, diz Carmilene Guajajara, da aldeia Tabocal, na TI Rio Pindaré (MA).

No total são 5 módulos, sendo 4 na plataforma virtual e, caso seja possível, 1 seminário final presencial. Para a realização das atividades foram programadas aulas virtuais semanais com a participação simultânea de cursistas e professores e atividades na plataforma e por meio de WhatsApp, que podem ser feitas em horários escolhidos pelos participantes. 

Semanalmente são disponibilizados na plataforma materiais prévios de apoio às aulas (textos e vídeos) e postadas tarefas relacionadas a cada uma delas.  Os professores são convidados externos e incluem docentes de universidades, representantes de organizações socioambientais e lideranças indígenas.

“Participar do curso de formação em gestão ambiental e territorial tem sido fundamental para o meu amadurecimento profissional. O contato direto com os participantes indígenas é extremamente enriquecedor no sentido de quebrar paradigmas e aperfeiçoar a prática no dia a dia do trabalho”, avalia a analista ambiental do IBAMA Taíse Alini Ribeiro, que atua no programa de brigadas indígenas federais no Maranhão.