Brigadistas indígenas: contribuindo com a gestão ambiental dos territórios
Julho, 2024 – Aprender cada vez mais formas de monitorar o território e discutir como o trabalho dos brigadistas contribui na implementação das políticas de gestão fizeram parte de um encontro realizado na aldeia Recanto dos Cocais, no Maranhão.
Cerca de 30 brigadistas indígenas, incluindo mulheres, compartilharam experiências para colocar em prática iniciativas da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena. Chamada de PNGATI, essa é uma política pública que visa garantir e promover a proteção, a recuperação, a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais das terras e territórios indígenas, respeitando a autonomia sociocultural de cada povo.
Além dos brigadistas indígenas, cerca de 60 pessoas participaram do seminário, promovido pela Associação Comunitária Wewetyj. O evento teve o apoio da USAID dentro das atividades do projeto “Contribuições da Brigada Indígena Federal Krikati na Recuperação Ambiental da cabeceira do rio Pindaré”, em parceria com o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Entre os focos do projeto está o reflorestamento da nascente do rio Pindaré, localizado na Terra Indígena Krikati. A água do rio é usada pelas comunidades locais para pesca e produção de alimentos (leia).
Celiana Krikati, chefe da Brigada Indígena Federal Krikati, e Samara Alves Guajajara, da brigada de Canudal, são duas das três mulheres indígenas brigadistas do Maranhão que estiveram no evento para compartilhar suas experiências de trabalho e inspirar outras a participarem da iniciativa. “Sempre tive o desejo de trabalhar na brigada e, em 2022, tive a honra de compor a equipe de Canudal. Estamos aqui neste ano e farei o máximo possível para continuar representando [as mulheres]”, disse Samara.
No Maranhão existem 17 territórios indígenas que contam com oito brigadas indígenas de combate a incêndios florestais, em áreas que englobam os biomas Amazônia e Cerrado. Os brigadistas participam mais intensamente dos trabalhos de prevenção e combate ao fogo de julho a outubro, que são os meses com maior incidência de focos de queimadas no estado.
Nos outros meses, desenvolvem ações ambientais, educacionais e de recuperação de áreas degradadas. “Para nós, antes de tudo, é importante dizer que a existência das brigadas é um dos pilares da efetivação da política de gestão ambiental e territorial nas Terras Indígenas, uma vez que essas brigadas estão transversalizadas em praticamente todas as ações que dizem respeito à gestão do território. Destacamos a importância da prevenção e combate aos incêndios, mas, durante o tempo em que essas brigadas não estão nesse trabalho, elas promovem a educação ambiental. E isso é fundamental para a implementação da política”, afirmou Emerson Rubens, da Secretaria Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena, do Ministério dos Povos Indígenas.