Brigadistas indígenas: ‘abrindo novos horizontes’
Abril, 2024 – "Ser brigadista é abrir os horizontes". Foi assim que a indígena Ana Shelley Xerente resumiu sua experiência logo após participar da premiação Mulheres Brasileiras que Fazem a Diferença de 2024, concedido pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Ana Shelley esteve em Brasília ao lado de Simone Xerente e de Sandra Xerente para representar a Brigada Indígena Feminina Voluntária Xerente, a primeira deste tipo a ser criada no Brasil e uma das agraciadas neste ano.
O prêmio é um reconhecimento às mulheres que se destacaram, demonstrando ousadia e pioneirismo, refletindo assim a experiência, força e criatividade que as impulsionam a transformar o país.
As Xerente foram as primeiras a formar uma brigada exclusivamente feminina, em 2021, durante o “Curso de Formação de Brigada Voluntária para Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais”, ministrado pelo Prevfogo/Ibama em parceria com o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), Fundação Nacional do Povos Indígenas (Funai) e a Associação dos Brigadistas Indígenas Xerente (ABIX). A USAID apoiou a atividade no âmbito do Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios do Brasil.
Além de contribuir para a educação ambiental, as brigadistas atuam em projetos de restauração florestal em suas comunidades, devolvendo espécies nativas a áreas de floresta degradada, e participam dos esforços de combate a incêndios.
Leia o que Ana Shelley, coordenadora da brigada voluntária e presidente da ABIX, contou ao participar do evento:
O que é ser brigadista para você?
Ana Shelley – “É abrir os horizontes. Quando chegamos a algumas aldeias para o trabalho de educação ambiental e falamos da importância da água, do cuidar da natureza, de queimar no tempo certo, as crianças olham para a gente e se inspiram. Para mim, é maravilhoso. A natureza pede socorro e é nossa responsabilidade cuidar dela.”
Como é o trabalho de combate a incêndios?
Ana Shelley – “No começo foi difícil. No primeiro combate a incêndio que participamos fomos pensando que era mais fácil. Entramos na floresta para apagar o fogo às 4 da tarde e saímos à meia-noite. Quando achava que estava acabando, o fogo voltava, e a noite o combate era mais difícil. Mas, mesmo assim, quando o trabalho estava chegando ao final naquele dia, um colega me perguntou se eu tinha certeza de que era aquela vida que eu queria e eu respondi que sim.”
O que o prêmio representa para vocês?
Ana Shelley - “Ficamos maravilhadas. Ver que um sonho meu virou também o de outras mulheres e vem inspirando outras mais é um reconhecimento. Além disso, o apoio que o Serviço Florestal dos Estados Unidos e da USAID dão aos projetos de restauração da nossa associação nos motiva muito. Um dia ouvi de um ancião: "Faça seu melhor". O que estamos fazendo é colocar isso em prática.”