ABF tem dois novos projetos e chega a R$ 85 milhões investidos

Fundo co-desenhado pela USAID direciona capital para iniciativas de cacau e restauração florestal

Maio/Junho, 2024 – O Amazon Biodiversity Fund (ABF), fundo privado cuja proposta é investir em projetos e empresas com impacto social e ambiental na região da Amazônia Legal, alcançou o marco de R$ 85 milhões investidos. São dois novos projetos. Assim, totaliza sete empresas investidas desde seu lançamento.

No início de 2024, o fundo chegou a R$ 250 milhões de recursos captados, contando com dois novos investidores, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Soros Economic Development Fund (SEDF), juntando forças com a USAID e Aliança Bioversity – CIAT, o L'Oréal Fund for Nature Regeneration (LFNR) e o ASN Impact Investors.

A Impact Earth, organização focada em investimentos de impacto positivo, é advisor do ABF para os investimentos na Amazônia. Para o co-fundador e diretor da Impact Earth, Vincent Gradt, o foco está em projetos que promovam a biodiversidade, com restauração de ecossistemas degradados, sequestro de carbono e alta adicionalidade social junto às comunidades locais. 

“Visamos preencher lacunas de financiamento e selecionar empresas com capacidade clara de expansão. O fundo é um exemplo inovador de instrumento de financiamento misto (blended finance) no Brasil, pois tem em sua estrutura a proteção contra perdas iniciais (first loss) assegurada pelo investimento da Aliança Bioversity – CIAT e a garantia da U.S. International Development Finance Corporation. Além disso, tem um acordo com o Restoration Seed Capital Facility para assistência técnica no desenvolvimento dos investimentos. E, como parte de nossa gestão, temos uma equipe brasileira focada, o que nos permite estabelecer relações sólidas com o ecossistema local”, explica Vincent.

Entre os projetos recém-investidos, o primeiro envolve uma nova empresa, a Cacau Amazônia+, incubada pelo Centro de Estudos RioTerra e outros sócios, com atuação em dez municípios de Rondônia. São R$ 18 milhões investidos em sistemas agroflorestais e de restauração ecológica, que se somam a outros recursos numa inovadora estrutura de blended finance, beneficiando 200 pequenos produtores. Este modelo de negócio visa fortalecer a produção de cacau associada a outros produtos como banana e açaí, promovendo o desenvolvimento econômico local.

O segundo projeto na região amazônica a receber investimento foi desenvolvido pela Belterra Agroflorestas, um modelo de agroflorestas que receberá R$ 20 milhões para trabalhar com pequenos e médios produtores nos estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia. O projeto se insere na estratégia da empresa de implantar agroflorestas em escala no território brasileiro, chegando a 40 mil hectares restaurados até 2030.

“Esses investimentos marcam um importante passo do ABF em sua missão de promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia, atraindo investimentos privados para questões cruciais como conservação da biodiversidade e gestão dos recursos naturais, sempre com um olhar para o impacto positivo também na esfera social, ao gerar oportunidades de melhoria da renda e qualidade de vida para a população  local”, adiciona a gerente de investimentos da Impact Earth no Brasil, Andrea Resende.

Novos investimentos – Além dos novos projetos, a Impact Earth  promove o desenvolvimento dos que já fazem parte do portfólio. Foram destinados mais R$ 10 milhões (totalizando R$ 16 milhões) para o Inocas Amazônia, uma empresa que visa difundir o sistema agrossilvipastoril com macaúba na Amazônia e criar uma nova cadeia de valor. A macaúba pode ser utilizada como fonte alternativa de óleos vegetais, com desmatamento zero e com foco em produção sustentável e comércio justo.

O segundo foi de R$ 7 milhões (totalizando R$ 11 milhões) para a Horta da Terra, uma agroindústria de ingredientes amazônicos que promove biodiversidade cultivando Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) num sistema regenerativo-sintrópico e os transforma em “super ingredientes” desidratados (liofilizados), com validade estendida para décadas e propriedades funcionais e nutricionais concentradas, para serem usadas em alimentos, suplementos e cosméticos. O novo aporte é para que a empresa possa construir uma fábrica com maior capacidade e avançar no desenvolvimento do mercado, mirando novos clientes, sobretudo internacionais. 

“Com esses sete investimentos, adquirimos experiência relevante e o ABF vai acelerar ainda mais o investimento em novos negócios até 2025 - nosso objetivo é ter investido em 15 empresas até o final do ano que vem. Uma vez que tenhamos investido todo o recurso disponível, vamos seguir com o desenvolvimento de novos fundos, possivelmente, um em outro continente, e outro novamente no Brasil, para dar continuidade ao trabalho iniciado com o ABF", completa Resende.

Histórico – O portfólio do ABF é composto por sete empresas (incluindo os novos investimentos): 

  1. Amazônia Agroflorestal, empresa que envolve produtores rurais na recuperação de áreas degradadas a partir de sistemas agroflorestais com foco no café; 
  2. Reforesterra/Agro Verde, uma colaboração entre Rioterra e Reforest'Action, para o reflorestamento de 2.000 hectares de áreas de proteção permanente em pequenas propriedades rurais em Rondônia;
  3. Manioca, uma marca de alimentos que promove os ingredientes e sabores amazônicos;
  4. Horta da Terra, empresa que produz plantas alimentícias não-convencionais da Amazônia num sistema regenerativo-sintrópico, como jambu, taioba e cariru; 
  5. Inocas Amazônia, com foco na produção de macaúbas em sistema agrossilvipastoril, como uma fonte alternativa de óleo vegetal. 
  6. Cacau Amazônia, empresa que desenvolve a cadeia de pequenos produtores de cacau em Rondônia, através de sistemas agroflorestais e restauração ecológica. 
  7. Belterra Agroflorestas, está desenvolvendo restauração por meio de agrofloresta em larga escala no Brasil, trabalhando junto a pequenos e médios produtores.