Fundo de impacto em negócios sustentáveis investe em projeto de recuperação de áreas florestais
O Amazon Biodiversity Fund (ABF), o primeiro fundo de investimento de impacto voltado para negócios sustentáveis na Amazônia, vai aplicar recursos visando incentivar a recuperação de áreas de floresta. O negócio foi fechado com a empresa INOCAS Soluções em Meio Ambiente, que aplica um novo conceito no aproveitamento de pastagens por pequenos produtores.
O objetivo é plantar 5.000 hectares de macaúba em sistema agrossilvipastoril, intercalando com a produção de culturas anuais e de gado, em uma região que está sendo selecionada na Amazônia entre áreas já mapeadas por um estudo técnico. Inicialmente, serão investidos R$ 6 milhões (cerca de US$ 1,107 milhão), com a opção de investimentos adicionais a longo prazo.
O ABF é um dos fundos da Mirova Natural Capital e foi desenhado de forma conjunta com a USAID/Brasil e Alliance Bioversity-CIAT. “A USAID investe em conservação da biodiversidade há bastante tempo, e com o ABF buscamos catalisar novos financiamentos que podem transformar a Amazônia”, explicou Anna Tonnes, Diretora de Desenvolvimento Sustentável da USAID no Malawi, que liderou a criação do fundo.
Sustentabilidade - Lançado em 2019, o ABF é registrado como Fundo de Investimento e Participações (FIP), com vigência de 11 anos. Busca superar desafios financeiros enfrentados por startups da Amazônia, oferecendo investimento de impacto de longo prazo para financiar negócios sustentáveis (saiba mais aqui).
Em abril deste ano, o fundo já havia assinado os dois primeiros contratos para capital de longo prazo com impacto positivo para a biodiversidade. Um deles foi com a Manioca, empresa que promove produtos alimentícios da Amazônia, e o outro com a Horta da Terra, produtora de plantas alimentícias não convencionais (chamadas de PANCs) desidratadas.
O CEO da INOCAS, Johannes Zimpel, diz que a parceria com a Mirova vem desde 2016 em outros projetos e agora, pela primeira vez, chega à Amazônia.
"Quando pensamos na fronteira agrícola que avança sobre a região amazônica, vemos a dinâmica da soja avançando sobre as áreas de pecuária, e a pecuária sobre a floresta. Isso é uma tragédia, mas, ao mesmo tempo, é uma busca das pessoas por formas de produzir. A solução da macaúba consorciada com pastagem aumenta a produtividade, regenera a floresta e ainda oferece ao produtor mais uma forma de gerar renda, com a venda do óleo e da ração da macaúba, que pode substituir a soja. Conseguimos consorciar o que antes concorria", afirma.
Segundo Zimpel, essa solução faz uso racional da terra e aumenta a produtividade das áreas em cinco vezes porque permite rotação das pastagens, além da produção adicional de óleo e ração no “segundo andar produtivo”. "Com os anos, talvez seja possível fazer um cinturão de proteção com esse tipo de consórcio para não avançar mais na floresta, garantindo a conservação das árvores em pé e da biodiversidade", completa.
A macaúba é uma palmeira nativa brasileira, resistente a secas e pode chegar a até 25 metros de altura. Suas frutas, quando estão nos cachos, atingem até 150 quilos por palmeira. A polpa da fruta é comestível, com sabor adocicado, aproveitada na produção de óleo e de farinha, assim como na de sabonetes e sabão.
A árvore leva cinco anos para ter a primeira produção. O plantio é feito em linhas com 8 metros de espaço, permitindo também a produção de outras culturas nesses intervalos, como de mandioca, milho, arroz, abacaxi e banana. Além disso, o sistema agrossilvipastoril com macaúba sequestra, em média, 20 toneladas de carbono equivalente por hectare/ano, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
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