Nossa Floresta Nossa Casa fortalece iniciativas indígenas
Novembro / Dezembro, 2023 - Encerrando mais um ano de implementação, o projeto Nossa Floresta Nossa Casa - Mosaico Tupi reúne uma série de aprendizados e resultados positivos que contribuíram com o fortalecimento de ações em oito Terras Indígenas (TIs) da Amazônia.
Com o foco em iniciativas econômicas e governança territorial indígenas, o projeto trabalha por meio da estruturação das cadeias de valor da castanha-do-Brasil, cacau, açaí, artesanato e turismo, além de formações em governança econômica territorial para que sejam criadas boas condições para acesso ao mercado de forma justa e ética. Abrange oito TIs nos estados de Rondônia e Mato Grosso, com mais de 21 povos indígenas, no Mosaico Tupi.
A Iniciativa Comunidades e Governança Territorial da Forest Trends (ICGT-FT) com apoio da Greendata – Centro de Gestão e Inovação Socioeconômica e Ambiental são os implementadores de gestão, em parceria estratégica com a USAID/Brasil e Plataforma Parceiros Pela Amazônia (PPA).
No último ano, foram realizadas diversas ações de formação com as comunidades, incluindo oficinas de precificação, planejamento e gestão, elaboração de propostas para alavancagem de recursos, boas práticas de manejo e planejamento de safra, entre outros.
Considerada uma das mais relevantes para a Amazônia por seu potencial em geração de renda, valor cultural para os povos indígenas e comunidades tradicionais, além do papel ecológico na floresta, a cadeia de valor da castanha beneficiou, nesse ciclo, 461 coletores direta ou indiretamente, com a participação de 215 pessoas em ações diretas. Nove grupos coletivos receberam assistência técnica e extensão rural. Foram construídos barracões de armazenamento nas TIs Sete de Setembro e Zoró.
Amauri Zoró, representante da Associação Indígena Zoró (APIZ) e da Cooperativa da TI Zoró, destaca a importância das parcerias no contexto complexo de produção e comercialização da castanha. “Por meio das parcerias, o grande resultado positivo que temos é o povo se beneficiando, vendendo sua produção. Dentro deste contexto vem facão, sacaria, combustível. Esses benefícios facilitam a colheita da produção. A parceria é importante para que a gente consiga buscar mais força.”
A cadeia do cacau tem se destacado como uma iniciativa econômica significativa para a inclusão socioprodutiva, não só gerando renda como contribuindo para a conservação das florestas, por meio do cultivo em sistemas agroflorestais. Beneficiou 203 indígenas e contou com ações formativas e cursos de beneficiamento e outras práticas sustentáveis com a finalidade de fermentação das amêndoas de alta qualidade, abrindo portas para mercados diferenciados.
Para o produtor Marcio Suruí, morador da Aldeia Mauíra, na TI Sete de Setembro, a comunidade entende a importância do trabalho com o cacau. “Há dez anos começamos a trabalhar. Achamos uma renda e aprendemos uma forma de ter uma qualidade melhor no cacau. Procuramos a cada dia melhorar a qualidade do nosso trabalho, da nossa produção, para agregar um valor ao produto no mercado. Para isso, as parcerias são importantes, principalmente a Forest Trends, que está sempre nos incentivando e motivando os produtores indígenas."
Já o artesanato tem um papel essencial na autonomia das mulheres indígenas artesãs, incluindo jovens, e contribui no fortalecimento do conhecimento ancestral de produção. A cadeia beneficiou 455 pessoas, das quais 376 são mulheres. Elas participaram de oficinas com temas variados, como economia solidária, planejamento, gestão e estratégias de mercado, as artesãs receberam 119 kits de ferramentas.
Segundo Thariana Cinta Larga, jovem indígena que atua como representante do grupo de artesãs Wanzeej Pakup Pit, “devemos realizar essas oficinas para que jamais percamos a nossa história, porque confeccionar vai muito além: nos traz paz e tranquilidade ao saber que nossos ancestrais jamais serão esquecidos. Estaremos passando para as novas gerações o que nos foi ensinado".
As outras duas cadeias desenvolvidas no projeto são a do açaí, que apoiou 70 beneficiários, e a do turismo, com oficinas e elaboração de propostas para alavancar recursos. “Com esse projeto, a gente conseguiu economizar. Eu mesmo construí minha casa com a renda do açaí, consegui comprar um carro, o pessoal conseguiu comprar moto para trabalhar”, conta Everson Aikanã Kwazá, da Terra Indígena Kwazá do Rio São Pedro, que atua na cadeia do açaí.
Governança – Outros dois eixos de atuação do projeto são a facilitação a mercados éticos e justos, por meio de ações de formação dos indígenas, e o fortalecimento da governança econômica e territorial.
Neste sentido, o programa de formação em governança apoiou 40 participantes – metade formada por mulheres. Todos tiveram formatura e receberam certificado. Durante o ano foram realizadas quatro oficinas de protocolos biocomunitários em três TIs para 75 participantes.
Já as oficinas de sensibilização para governança atenderam 213 participantes.
Saiba mais no site da PPA.