Projeto instala internet em aldeias para minimizar isolamento agravado pela COVID
A pandemia de COVID-19 acentuou o isolamento de aldeias indígenas na Amazônia, muito mais intensamente para as distantes de centros urbanos ou com acesso apenas por meio dos rios, dificultando ainda mais a comunicação. Para tentar conectar e aproximar essas comunidades, o projeto Nossa Floresta Nossa Casa está instalando internet em Terras Indígenas (TIs) no Estado de Rondônia.
No total, serão 10 pontos de internet via satélite -- cinco na TI Rio Branco, a área mais remota do Mosaico Tupi, dois na Tubarão/Latundê e um na TI Rio Mequéns. Outros dois pontos já estão funcionando nas aldeias Mariano e Kwazá do Rio São Pedro.
O Nossa Floresta Nossa Casa é coordenado pela Iniciativa Comunidades e Governança Territorial da Forest Trends (ICGT-FT, conheça aqui), um dos implementadores da Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB).
O objetivo do projeto é desenvolver cadeias de sociobiodiversidade indígena na região amazônica, estimulando oportunidades para geração de renda, conservação e uso sustentável dos territórios, em uma área de cerca de 1,5 milhão de hectares.
O assistente técnico da Forest Trends Fábio Wesley de Melo conta que com o isolamento social, aldeias mais distantes ficaram sem instrumentos para pedir ajuda, seja com o objetivo de atender pacientes ou na tentativa de vender os produtos, como castanha-do-Brasil e artesanato, já que o comércio foi um dos principais afetados na região.
Além disso, o trabalho de assistência técnica e apoio às iniciativas econômicas, que vinham sendo realizados continuamente pela equipe da ICGT-FT presencialmente até março de 2020, estava impossibilitado. Desde então, toda a comunicação depende da conectividade à internet.
“Muitas cidades fecharam por um tempo e o comércio reduziu seu movimento. Algumas aldeias ficaram totalmente isoladas e sem comunicação. Isso acelerou a demanda pela instalação dos equipamentos”, explica Melo.
A ideia é instalar os pontos de internet em locais de acesso comunitário nas aldeias, como escolas ou áreas coletivas. Nos primeiros seis meses, o custo da mensalidade - que varia de R$ 180 a R$ 290 mensais - será pago pelo projeto.
“Estamos estimulando um processo de gestão. Em muitas aldeias, as pessoas não têm renda suficiente para pagar a mensalidade. Por isso vamos incentivar neste período que eles façam o gerenciamento e consigam dividir os custos depois”, afirmou Melo.
Apoio - Devido aos reflexos da pandemia do novo coronavírus, o Nossa Floresta Nossa Casa também passou por adaptações durante 2020, com investimento em comunicação (instalação de internet nas aldeias) e adequações das metodologias para desenvolver o trabalho online.
Com apoio direto da Fundação Ikea, que aporta recursos complementares ao Projeto Nossa Floresta Nossa Casa, foram adotadas algumas iniciativas para o atendimento emergencial de demandas dos indígenas, para garantir a segurança alimentar e enfrentar as dificuldades financeiras, bem como a criação de uma campanha com informações sobre a COVID-19 e medidas preventivas, destacando a importância de ficar nas aldeias. Houve a distribuição de folhetos e cards com essas informações (veja aqui).
Um vídeo desenvolvido pela equipe da ICGT-FT também explicou a gravidade da pandemia para conscientizar os indígenas sobre o tema (assista aqui).
Em fevereiro, a equipe da ICHT-FT realizou uma terceira etapa da campanha, incentivando a vacinação contra o novo coronavírus nas TIs, com a distribuição de informativos e materiais audiovisuais elaborados por parceiros que disseminam de forma simples as informações científicas sobre as vacinas. Os indígenas foram incluídos no grupo prioritário de vacinação, que começou em janeiro no Brasil.