Webinário ajuda gestores a aprimorar sistema de monitoramento de visitas em unidades de conservação
Projeto vem ampliando número de UCs que adotam a metodologia e faz parte de parceria da PCAB, Serviço Florestal dos EUA e ICMBio
Com foco na constante melhoria da gestão de Unidades de Conservação (UCs) federais no Brasil visando a conservar a biodiversidade, gestores e analistas participaram no final de junho do minicurso sobre "Monitoramento da Visitação”.
Promovido pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), o encontro foi realizado no âmbito da Coordenação de Planejamento, Estruturação da Visitação e do Ecoturismo, vinculada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e que tem o apoio da Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB).
Nos últimos anos, por meio da PCAB, já foram feitas várias capacitações e uma visita técnica aos EUA. Em 2020, também foi lançado o "Manual de Métodos para Monitoramento do Número de Visitas em Unidades de Conservação Federais” (leia aqui), que ajudará as equipes a iniciar ou aperfeiçoar os protocolos.
Sistematizando métodos de monitoramento, as UCs têm registrado aumento de visitas. Em 2019 (relatório aqui), 137 unidades federais receberam 15,33 milhões de visitantes, 20% a mais do que em 2018. O incremento se deve ao maior número de pessoas que estiveram nessas áreas e à melhora no monitoramento, já que a quantidade de UCs avaliadas atingiu o maior patamar dos últimos anos. No bioma Amazônia, o crescimento foi de 256% entre 2012 e 2019, passando de 183.718 visitantes/ano para 471.759. Além de contribuir para a preservação da biodiversidade e sensibilização da sociedade, o ecoturismo impulsiona a economia. O setor criou cerca de 90 mil empregos em 2018 e gerou R$ 2,7 bilhões em renda, segundo dados do governo brasileiro.
Em entrevista à PCAB, a gestora de programa do Serviço Florestal dos EUA no Brasil, Suelene Couto, fala sobre o assunto.
Qual sua avaliação do minicurso?
O objetivo foi ampliar a compreensão dos gestores que já fazem algum tipo de monitoramento de visitantes nas Unidades de Conservação e trazer informações para quem ainda não faz. Espera-se que após esse encontro os gestores possam começar a pensar alternativas que sejam mais adequadas a realidade da sua unidade.
O que os gestores precisam priorizar para alavancar o monitoramento?
É multifatorial. Com o conhecimento em mãos, elas precisam criar forças-tarefa para colocá-lo em prática. Vontade elas têm. Os maiores gargalos são equipes locais reduzidas e falta de equipamentos. Pretendemos continuar apoiando no caso de uma continuidade do programa.
Como o monitoramento ajuda na conservação da biodiversidade?
Como a visitação está crescendo, vemos que existe um empoderamento. Quando se conhece uma unidade de conservação existe uma conexão com o local. A partir do momento que essa conexão ocorre há uma apropriação. Isso acaba tendo impacto na conservação da biodiversidade.
Como incentivar nas UCS que ainda têm pouca visitação um aumento desses números?
Por meio principalmente de parcerias com o setor privado, secretarias de Estado, para fazer com que aquela unidade ofereça mais opções de recreação e que haja maior divulgação. Um exemplo pode ser o setor aéreo, que ajudaria a divulgar as unidades, mostrando a beleza natural estonteante desses lugares que não se vê nas cidades.
Qual foi o impacto da pandemia da Covid-19 e como o trabalho está sendo direcionado para a nova realidade?
Temos conversado sobre formas de trabalhar os impactos da pandemia. A realidade vai ser diferente e é possível que as pessoas queiram estar mais próximas às áreas naturais. Caso seja aprovada uma fase II do programa um caminho a seguir seria o empoderamento das comunidades, que estão convivendo com a Covid. As parcerias com o setor privado e também com agências de Estado serão ótimas opções.