USAID inicia ‘Programa de Saúde’ no Brasil durante evento que discutiu a gestão das doenças zoonóticas
Julho, 2024 – A USAID promoveu no dia 10 de julho o webinar “Zoonoses: Integrando Estratégias Nacionais e Conhecimentos Práticos”, oportunidade em que foi lançado oficialmente o “Programa de Saúde” da Agência no Brasil. O evento foi uma valiosa oportunidade para profissionais de saúde, pesquisadores, formuladores de políticas públicas e interessados no tema se atualizarem sobre as melhores práticas e novas perspectivas para enfrentar os desafios das doenças zoonóticas – infecções que podem ser transmitidas de animais para seres humanos, como leptospirose, raiva e febre amarela.
O webinar foi realizado em parceria com o Ministério da Saúde do Brasil e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para marcar o Dia Mundial das Zoonoses, comemorado em 6 de julho. Reuniu 11 participantes e chegou a contar com até 190 pessoas assistindo ao mesmo tempo.
Entre os principais pontos discutidos pelos painelistas estão as estratégias atuais de monitoramento e vigilância das zoonoses no Brasil e os desafios na implementação de “Uma Só Saúde”, uma abordagem colaborativa e transdisciplinar que reconhece a interdependência entre a saúde humana, animal e do meio ambiente, favorecendo a cooperação. Nesse sentido, os participantes trataram da necessidade de fortalecer a infraestrutura de saúde pública, capacitar profissionais e melhorar a comunicação entre diferentes setores.
Além disso, foram apresentados exemplos de sucesso na gestão de zoonoses, demonstrando como a integração das políticas de saúde animal, humana e ambiental pode levar a resultados positivos. Os participantes discutiram também o futuro da saúde pública no Brasil, especialmente a importância de continuar investindo em pesquisa, tecnologia e políticas públicas.
“Este ano, Estados Unidos e Brasil celebram 200 anos de relações diplomáticas. Destacamos a relevância desta cooperação na promoção da conscientização pública sobre a importância do combate às zoonoses, do desenvolvimento de políticas integradas, da proteção da saúde pública e do investimento em pesquisas e novas tecnologias para cuidar da saúde humana, dos animais e do meio ambiente. Além de celebrar esta data, iniciamos oficialmente as atividades do Programa de Saúde da USAID no Brasil, um esforço dedicado a fortalecer a capacidade de vigilância, promover a prevenção e controle de zoonoses, e implementar estratégias integradas de ‘Uma Só Saúde’”, disse o diretor da USAID no Brasil, Mark Carrato.
As doenças zoonóticas representam uma preocupação significativa para a saúde pública global devido à capacidade de emergir e espalhar rapidamente, causando surtos e pandemias. “A maioria das doenças infecciosas emergentes em humanos, cerca de 60%, são de origem zoonótica ou animal, vindo da fauna e flora silvestres. Com o tempo, essas ameaças estão mais prevalentes e mais graves e têm consequências significativas a longo prazo. [...] Estamos trabalhando com a abordagem de ‘Uma Só Saúde’, integrada, para fazer frente a essas ameaças”, resumiu o coordenador de Prevenção e Controle de Doenças Transmissíveis da OPAS/OMS no Brasil, Miguel Aragon.
Para a coordenadora do Programa de Saúde Global da USAID no Brasil, Janaina Sallas, que moderou o evento, a promoção desse tipo de espaço de diálogo e de compartilhamento de experiências é extremamente relevante. “A USAID inicia neste ano no Brasil o retorno de ações na área de saúde voltadas para apoiar as capacidades locais e nacionais na implementação de ‘Uma Só Saúde’ visando prevenir, mitigar e responder de forma efetiva a ocorrência de surtos, epidemias e pandemias. Desta forma, por meio de parcerias firmadas, buscamos apoiar iniciativas que possam desenvolver capacidades junto com autoridades e comunidades locais, incluindo as populações indígenas.”
Importância da data – O Dia Mundial das Zoonoses é uma data internacionalmente reconhecida não só pelo sucesso do trabalho do cientista francês Louis Pasteur, que em 1885 aplicou a primeira vacina contra raiva, mas também porque marca o início de esforços para compreender e prevenir as doenças zoonóticas. A expansão de práticas agrícolas não seguras, as condições insalubres dos animais de pequeno, médio e grande porte, o desmatamento, a ocupação desordenada, as mudanças climáticas e outros fatores aumentam os riscos de doenças infecciosas emergentes.
“No Brasil temos mais de 36 zoonoses sob vigilância. Em algumas delas obtivemos avanços importantes, como em raiva humana mediada por cães, em que o país deve buscar no próximo ano a certificação de erradicação. Continuamos trabalhando para fortalecer nossas capacidades tanto de vigilância e diagnóstico como de controle dessas doenças, priorizando o enfrentamento por meio de abordagem intersetorial e interdisciplinar”, afirmou Edilson Ferreira de Lima Júnior, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
Também participaram do webinar Adriana Lucena, coordenadora-geral de Vigilância em Saúde Indígena da Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde; Tânia Fonseca, coordenadora-geral de Vigilância e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Silvia Neri Godoy, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) do Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima; Marcelo Mota, diretor do Departamento de Saúde Animal, Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária; Ricardo Moratelli, coordenador do Programa de Pesquisa Translacional em Saúde Única da Fiocruz; Felipe Rocha, assessor da coordenação de Zoonoses e Saúde Pública Veterinária do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (Panaftosa) e Alex Rosewell, coordenador das Emergências, Evidência e Inteligência em Saúde (OPAS/OMS).