Soltura de Tartarugas da Amazônia ajuda conservação da espécie na Rebio do Rio Trombetas
A temporada 2018 de soltura de Tartaruga-da-Amazônia na Reserva Biológica do Rio das Trombretas (Rebio) no Pará terminou com a liberação de 5050 animais. Comunidades locais, profissionais e parceiros do Projeto Quelônios do rio Trombetas (PQT), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, reuniram-se no lago Jacaré para a atividade.
Ao todo, em 2018, foram soltas no rio 27.862 Tartarugas-da-Amazônia, graças aos esforços de 27 famílias moradoras da Rebio, que atuam como monitoras da biodiversidade nesta Unidade de Conservação.
O ICMBio trabalha para a proteção dos quelônios na região há quase 40 anos, por meio de um projeto que monitora as tartarugas do rio Trombetas e busca dar a elas uma maior chance de sobrevivência. Desde 2003, o ICMBio e parceiros têm voltado esforços para fortalecer a educação e participação social por meio da aproximação dos gestores da unidade de conservação com a comunidade local, que possui forte ligação cultural com os quelônios.
O convívio com as Tartarugas-da-Amazônia é passado de geração para geração, assim como o consumo era bastante comum entre os moradores da margem do Trombetas. Hoje, porém, esta espécie encontra-se em risco de extinção devido principalmente à caça ilegal de ovos e de tartarugas para fins de comercialização.
A Reserva Biológica do Rio Trombetas tem mais de 4 mil quilômetros quadrados, e foi criada em 1979 com a prioridade de assegurar a proteção dessa espécie de tartaruga, já que era a área com maior registro de fêmeas desse quelônio no bioma. Entretanto, segundo dados levantados pelo ICMBio, no decorrer dos anos percebeu-se que a população de filhotes diminuiu de 600 mil para 30 mil, conta Carolina Marcondes Moura, coordenadora do PQT. "A área era a que tinha maior concentração de fêmeas de Tartarugas-da-Amazônia. Desovavam entre cinco a oito mil fêmeas a cada temporada, no final da década de 70. O monitoramento começou quando houve a criação da Rebio e da Flona (Floresta Nacional Saracá-taquera), estabelecidas após a instalação da mineradora Mineração Rio do Norte (MRN), que explora bauxita na região", disse. A MRN é parceira no programa de conservação de quelônios do Trombetas - fornece as cestas básicas aos monitores no período de monitoramento das praias mas a ligação é com a gestão da UC
Em 2017, o IPÊ passou a ser um dos parceiros da iniciativa, por meio do projeto Monitoramento Participativo da Biodiversidade, presente em mais 16 UCs da Amazônia, junto com o ICMBio. São realizadas capacitações e mobilizações das comunidades pela conservação da fauna e da flora no bioma. Com o PQT, o IPÊ atua efetivamente como incentivador e promotor de capacitação, buscando melhorar e facilitar o monitoramento das tartarugas pelas famílias. Assim como nas outras UCs, os levantamentos sobre a biodiversidade são feitos pelos comunitários, seguindo um protocolo estabelecido pelo ICMBio para que os dados possam ser utilizados de maneira eficiente, visando à conservação.