Relatório aponta que animais silvestres da Amazônia são alvo de tráfico internacional

Comércio ilegal compromete esforços de conservação da biodiversidade e o crescimento econômico, segundo estudo realizado com apoio da USAID

Milhões de animais silvestres, principalmente espécies originárias da Amazônia, são alvos todos os anos do comércio ilegal tanto dentro do Brasil como para outros países. O tema é o foco principal do relatório "Tráfico de animais silvestres no Brasil”, produzido por meio do projeto Wildlife Trafficking Response, Assessment, and Priority Setting (Wildlife TRAPS) desenvolvido pelas organizações Traffic e União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

O estudo, disponível online (leia aqui), foi realizado durante um ano e seis meses com base em entrevistas com especialistas e autoridades, além de informações governamentais, obtidas em investigações e outras apurações.

Entre as espécies amazônicas mais visadas pelos contrabandistas estão tartarugas, peixes ornamentais e para consumo, onça-pintada e aves. De acordo com apreensões feitas entre 2012 e 2019, o maior comércio ilegal de animais na Amazônia brasileira, em volume, é o de ovos de tartarugas de rios (os quelônios), usados, por exemplo, como itens decorativos e consumo da carne.

Mais de 30 espécies de peixes ornamentais foram traficadas para atender ao mercado interno e internacional no período. Nas investigações e apreensões nestes sete anos, as espécies que mais apareceram foram o tetra-cardeal, o aruanã-prateado e o cascudo-zebra (ameaçado de extinção). Entre os peixes para consumo, o pirarucu é o principal alvo. Também foram foco do comércio ilegal pelo menos 400 espécies de aves, ou 1 a cada 5 nativas.

O relatório apontou também que a falta de dados sistematizados e a dificuldade de coordenação da fiscalização para combater o comércio ilegal camuflam a dimensão do tráfico desses animais. Para reduzir o tráfico dos animais silvestres, o estudo traz uma série de recomendações, incluindo o desenvolvimento de estratégia nacional para combater esse tipo de crime, aprimorando a coleta e compartilhamento de dados e fortalecendo a legislação atual.