Quilombolas do Pará aprendem a se tornar “YouTubers” compartilhando suas perspectivas de comunidades da floresta Amazônia com o mundo
Organizado pela Equipe de Conservação da Amazônia (ECAM), ONG parceira do PCBA, em conjunto com a Google Earth Outreach e o Programa Territórios Sustentáveis, o curso levou o YouTuber Allan Portes para a Calha Norte do rio Trombetas, na pequena e remota comunidade de Jarauacá, no Pará, juntamente com um representante do YouTube/Brasil. Portes ensinou aos jovens representantes de oito territórios quilombolas e quase 37 comunidades, os princípios para produzir vídeos caseiros de qualidade. O objetivo do programa é levar para as comunidades instrumentos para que elas possam desenvolver seus projetos de gestão e contar suas histórias. A demanda pela realização da oficina veio dos próprios jovens.
Ildimara dos Santos, que vive em Jarauacá, quer registrar as atividades do grupo “Suingue de Palmares”, de carimbó, uma dança tradicional do Pará. Além de ensinar a dançar o carimbó, ela quer “mostrar a realeza e sensualidade dos dançarinos e a cultura da comunidade”.
Karina dos Santos, da comunidade Tapaia, propôs que o nome do novo canal seja “Preservando a Nossa Área”. “Podemos fazer observação da floresta na nossa área e entrevistas com os mais velhos. Não só falar da floresta, mas da cultura, das danças, das comidas típicas da nossa região.” Allan sugeriu a Karina falar também sobre as ideias da juventude para a conservação do território, algo em que o público do YouTube está interessado: “Você também pode ensinar o que acha que sejam as soluções para o problema”.
A Diretora de Meio Ambiente da USAID/Brasil, Anna Toness, ressaltou o papel do jovem como protagonista e sobre a necessidade das parcerias para a realização de ações que possibilitem o empoderamento das comunidades. “A liderança dos jovens é da maior importância, porque eles são o futuro das comunidades. É essencial fornecer as ferramentas que esses futuros líderes precisaram para resolver os desafios que enfrentarão no futuro”.
O projeto implementado pela ECAM aproveita a recente conexão de internet nas comunidades, fornecida pela Mineração Rio Norte – a maior mina de bauxita do país e uma das maiores do mundo, que opera na região desde a década de 1970 e pertence a um consórcio de oito mineradores. A mina, a cidade criada pela MRN e o porto são vizinhos dos territórios indígenas e quilombolas.