Projeto de monitoramento da biodiversidade usa internet para se aproximar de comunidades na pandemia

Como diminuir a distância com as comunidades na Amazônia em tempos de pandemia? Quais resultados reais são possíveis ao unir conhecimentos tradicionais e científicos? Como os resultados dos monitoramento da biodiversidade chegam à sociedade?

Esses são alguns questionamentos usados pela equipe do Monitoramento Participativo da Biodiversidade (MPB) para desenvolver uma série de conversas semanais online abertas para todos os interessados. Os bate-papos tiveram o objetivo de divulgar o projeto para o público em geral, em um período em que as atividades presenciais nas Unidades de Conservação da Amazônia foram suspensas em decorrência da pandemia de COVID-19. 

As lives realizadas por meio de rede social entre setembro e outubro de 2020 debateram, por exemplo, de que forma o monitoramento contribui com a preservação da biodiversidade, como ele é feito nas cadeias de pirarucu e de madeira manejados e como os Encontros de Saberes ajudam a aliar conhecimentos científicos aos tradicionais das populações na Amazônia.  Chegaram a passar pelas conversas ao vivo quase 400 pessoas, e alguns vídeos tiveram até 1.500 visualizações. 

Por meio dos Encontros de Saberes, pesquisadores, monitores, gestores e líderes comunitários dialogam para que cada um, com sua experiência, olhe para a biodiversidade por meio da ciência. Até março de 2020, eram realizados presencialmente nas Unidades de Conservação (UCs) atendidas pelo projeto. 

O MPB é desenvolvido pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), parceiros implementadores da PCAB, e integra o Monitora (Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade), que estabeleceu protocolos padrão para monitoramento nas UCs. 

O objetivo do MPB é apoiar o acompanhamento da biodiversidade e promover o envolvimento socioambiental para fortalecer a gestão e a conservação nessas áreas. Em cinco anos, beneficiou diretamente mais de 4,7 mil pessoas em 17 UCs na Amazônia. 

Dentro do monitoramento participativo, foram criados protocolos adicionais para algumas unidades em conjunto com as comunidades locais, que englobam, entre outros, a produção de castanha-do-Brasil e atividades animais, como a de quelônios e pirarucus. Cada comunidade pode escolher uma espécie para monitorar, de acordo com suas necessidades e interesses. 

“O MPB ficou totalmente parado entre março e agosto. A partir daí, começamos atividades pontuais, como curso de monitores a distância e as lives. Os Encontros de Saberes, cerne da fase atual do projeto, são o maior desafio. Estamos pensando em fazer testes nos próximos meses por videoconferência, em que as pessoas continuem na comunidade, em local aberto e com acesso à internet”, explica Cristina Tófoli, gestora do projeto no IPÊ.

Um desses cursos a distância foi realizado em outubro com monitores da Reserva Extrativista (Resex) do Rio Unini, no Amazonas, para apresentar o protocolo de monitoramento do pirarucu e orientar sobre o preenchimento dos formulários com informações bioecológicas e socioeconômicas (saiba mais aqui). 

O protocolo do pirarucu foi criado de forma participativa, com apoio dos chefes das UCs (ICMBio), parceiros locais, manejadores, analistas ambientais do IBAMA, pesquisadores e técnicos do IPÊ. Está em fase de teste, com a participação de grupos de manejo de quatro UCs, e deve resultar em uma ferramenta padrão para avaliar o status da espécie e a eficiência ambiental, econômica e social do manejo sustentável de pirarucu.