Pessoas e soluções: o protagonismo dos povos para manter a floresta em pé
Agosto/Setembro, 2024 – Estudos publicados em agosto pela World Weather Attribution (WWA), feito por cientistas brasileiros e estrangeiros, estimam que as mudanças do clima tenham afetado em cerca de 40% os incêndios florestais no Pantanal, sendo responsáveis tanto pelo agravamento da situação como na antecipação da temporada de queimadas. A Amazônia enfrenta uma das piores estiagens da história, a mais severa dos últimos 45 anos.
Diante dessa situação, o Dia da Amazônia, no último dia 5 de setembro, é uma importante data para destacar as pessoas que lutam na linha de frente pela biodiversidade e pela floresta em pé. São mais de 1,4 mil brigadistas do Ibama e do ICMBio enfrentando focos de incêndio na Amazônia e nos outros biomas, além das brigadas voluntárias locais, incluindo indígenas.
Essas pessoas têm uma missão nobre: cuidar de seus territórios, manter a floresta viva, garantindo um futuro para as pessoas e o planeta. Uma delas é Daiana Bento Gavião, brigadista da Terra Indígena Governador (MA), mãe de oito filhos e defensora do empoderamento das mulheres no manejo integrado do fogo.
“Para mim é muito importante ser uma brigadista. A terra precisa de proteção”, avalia Daiana, que desde 2019 trabalha com a brigada. Ela diz que as visitas a outras aldeias expandiram seus horizontes por meio do contato com outras famílias. Foi andando pelo seu território que Daiana viu a importância de cuidar da terra e trazer mais pessoas para perto.
Das 15 pessoas selecionadas para fazer parte da brigada, ela foi uma das duas únicas mulheres que passaram a integrar o grupo na época. “Nós trabalhamos seis meses e começamos a ver que era preciso formar um grupo da brigada voluntária das mulheres” conta Daiana durante as atividades do Curso de Formação de Brigada de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais na Terra Indígena Governador, no estado do Maranhão.
Realizada no âmbito da parceria da USAID com o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) dentro do Programa Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, a atividade inclui Prevfogo/Ibama e Funai. Contou com a presença da brigada feminina Xerente, a primeira totalmente composta por mulheres indígenas.
O objetivo do curso de formação destinado às brigadas comunitárias indígenas é apoiar e fortalecer ações de prevenção e resposta aos incêndios florestais nos territórios.
Conquistando espaço – Segundo Daiana, o curso é uma importante ferramenta de empoderamento feminino nas aldeias, mostrando que as mulheres podem ocupar qualquer espaço e atuar na gestão e proteção territorial. “A gente fica com aquela preocupação de mãe quando está no trabalho. Quando a gente gosta e quer, precisa saber se dividir”, conta ela, citando que os filhos, entre eles cinco meninas, ficam sob os cuidados do pai quando ela precisa sair.
Sua filha mais velha também passou a fazer parte da Brigada ao compartilhar com a mãe a vontade de proteger, de cuidar, de incentivar e tentar trazer mais mulheres para esse movimento. “A gente quer mostrar para o futuro para as crianças e para a nossa geração que é super importante a gente trabalhar voluntariamente e proteger e cuidar da nossa terra.”
Além do curso na Terra Indígena Governador, um grupo de 29 mulheres da TI Krikati participou do programa de capacitação. Assista aos depoimentos aqui.