Monitoramento da Biodiversidade: projeto treina cerca de 1.500 monitores locais em nove anos

MPB entra em sua fase final após trabalhar em 18 Unidades de Conservação

Agosto, 2022 - Um dos primeiros projetos da PCAB ligados diretamente ao objetivo da parceria de conservar a diversidade biológica da Amazônia, o Monitoramento Participativo da Biodiversidade (MPB) entra em sua fase final no mês de julho, após trabalhar em 18 Unidades de Conservação (UCs), totalizando quase 12,67 milhões de hectares de floresta.

Com o diferencial de promover o envolvimento das comunidades tradicionais no fortalecimento da gestão e conservação da biodiversidade, o projeto treinou em seus nove anos de existência 1.487 monitores locais. E mais de 4.653 pessoas se beneficiaram com as ações.

Além disso, foram criados dentro da iniciativa novos modelos de monitoramento e toda a metodologia desenvolvida no Encontro dos Saberes, reuniões envolvendo diversos parceiros, como lideranças locais, gestores do ICMBio, monitores e pesquisadores. 

O MPB é uma atividade da PCAB, desenvolvida pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O projeto, que teve apoio da USAID/Brasil e de Gordon and Betty Moore Foundation, integra o Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade (Monitora).

“Celebramos as atividades desenvolvidas nas Unidades de Conservação em quase uma década do MPB. Ver tantas pessoas engajadas pela construção coletiva, conservação da biodiversidade e o envolvimento das comunidades no projeto é, sem dúvida, o nosso maior legado”, destaca Cristina Tófoli, coordenadora do MPB.

Para a diretora do Programa de Meio Ambiente da USAID/Brasil, Cathy Hamlin, os esforços empreendidos na iniciativa ajudaram a refinar políticas nacionais e contribuíram para outros projetos da USAID.

“Para nós, o MPB foi importante para apoiar a disseminação da importância da biodiversidade para as comunidades que dependem da floresta e empoderá-los a conhecê-la e protegê-la ainda mais. Fico feliz de poder comemorar o sucesso desse projeto, e parabenizar todos os parceiros pelo ótimo trabalho, que com certeza deixará um legado forte”, afirmou Hamlin em reunião realizada em maio para apresentação de resultados.

Fortalecimento - Desde 2018, o IPÊ promoveu 16 Encontros dos Saberes presenciais e dois seminários amplos. Somente em 2022, foram realizados nove em diferentes UCs.  

O último deles ocorreu no município de Pedra Branca do Amapari, no Amapá, para debater a conservação da biodiversidade do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.

“O Tumucumaque foi a primeira Unidade de Conservação a sediar a iniciativa dos Encontros dos Saberes. Retornar para as comunidades do entorno, discutindo os resultados realizados em quase uma década do projeto de monitoramento participativo tem uma importância enorme para todos nós que construímos o MPB. Além de divulgar e de discutir de forma horizontal os resultados do monitoramento participativo realizado no território, este momento também é uma excelente oportunidade de aproximar os moradores locais da UC”, disse Tófoli no evento.

O encontro contou com a participação da comunidade, monitores, pesquisadores, além de estudantes e professores da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Os participantes acompanharam de perto os resultados sobre o monitoramento participativo de plantas, aves, mamíferos e borboletas no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e debateram sobre as informações coletadas em oito anos de projeto.

Monitor local da biodiversidade desde 2014, Jackiel Cássio afirma que o projeto mudou sua perspectiva sobre conservação ambiental. “Eu fico muito agraciado em saber que o trabalho que realizo no Tumucumaque ajuda a subsidiar as pesquisas do ICMBio sobre o monitoramento da biodiversidade. Antes de ser monitor não tinha ideia do que era monitoramento e não sabia da importância do parque nacional para a manutenção da natureza, não apenas da comunidade com o entorno, mas da biodiversidade em geral, de todo o planeta. E essa troca de conhecimentos proporcionada pelo encontro dos saberes só reforça essa minha visão”.

Maior Parque Nacional do Brasil e uma das maiores áreas de floresta tropical protegidas do mundo, com uma área de 3,7 milhões de hectares, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque está localizado na divisa dos estados Pará e Amapá e na fronteira com os países Suriname e Guiana Francesa.

Eventos realizados em 2022 -  Reserva Biológica (REBIO) Rio Trombetas, Reserva Extrativista (RESEX) do Cazumbá-Iracema, RESEX Baixo Juruá, Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Itatupã-Baquiá, Floresta Nacional Jamari, RESEX Rio Ouro Preto, RESEX Rio Unini, Parque Nacional do Jaú e Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.

Um compilado geral do projeto desde 2013 até 2022 está disponível na publicação “Diálogos da Conservação - Monitoramento Participativo da Biodiversidade: Contribuições para Conservação das Áreas Protegidas da Amazônia”. 

Acesse o livro "Monitoramento Participativo da Biodiversidade: Aprendizados em evolução".