Marcos Bauch* explica o programa regional da USAID na Amazônia

A Floresta Amazônica abrange uma área aproximadamente igual aos quarenta e oito estados contíguos dos Estados Unidos e cobre cerca de 40 por cento do continente sul-americano e representa mais da metade das florestas tropicais remanescentes do planeta, compreendendo a maior e mais biodiversa área de floresta tropical do mundo, com cerca de 390 bilhões de árvores individuais divididas em 16.000 espécies, abrangendo cinco países além do Brasil - sendo que 60% da bacia amazônica fica em território brasileiro -, e cada um desses países tem peculiaridades na forma com que lida e convive com esta que é a maior extensão contínua de florestas tropicais no mundo.

Além dos escritórios locais, em cada país, a USAID também trabalha em  nível regional, para unificar os objetivos e o impactos de suas ações em toda a região, oferecendo uma resposta regional coordenada e estratégica aos desafios enfrentados pela Floresta Amazônica no Brasil, na Colômbia, no Equador, na Guiana, no Peru e no Suriname.

O escritório regional da USAID, baseado em Lima, no Peru, conta com um portfólio de projetos de, aproximadamente, $70 milhões de dólares, e que compreende temas tão distintos e importantes quanto a pesca não regulada no Oceano Pacífico, o apoio aos  povos indígenas amazônicos e o auxílio à tomada de decisão dos gestores nacionais/estaduais com o uso de ferramentas e dados geoespaciais, além de procurar soluções sustentáveis e duradouras para os garimpos e para o manejo e controle do fogo.

Para que todas essas iniciativas, ações, projetos e programas, regionais e locais, funcionem de forma coordenada - sem sobreposições ou prejuízos - e, ao mesmo tempo, alcancem os objetivos estabelecidos, o Programa Regional para a América do Sul (SAR, na sigla em inglês) conta com os chamados Coordenadores de País, em cada um dos seis países que estão sob sua alçada.

Eu sou um desses Coordenadores e represento o Brasil junto ao SAR e, juntamente com os outros coordenadores, auxilio os gestores e administradores regionais a entenderem as especificidades, sensibilidades, características e facetas únicas do Brasil e que podem influenciar os projetos que serão implementados no país.

Neste um ano como Coordenador vejo que esta posição é altamente estratégica e importante uma vez que, sem o conhecimento nacional profundo que os Coordenadores trazem, o Programa Regional não teria como prever e calcular os desdobramentos que seus projetos teriam, muito menos encontrar sinergias e combinações ideais com os projetos bilaterais que já estão em andamento em cada país, causando perda de tempo e recursos preciosos.

Ao mesmo tempo, percebo que os escritórios locais - ou as Missões nos países, como dizemos na USAID - também se beneficiam muito com estes representantes no SAR, uma vez que a comunicação entre o escritório regional e as Missões se torna muito mais fácil e ágil, contribuindo para um fluxo de informações mais dinâmico, coordenado, representativo e vivo.

Um bom exemplo disso é o Programa de Manejo Florestal e do Fogo, que está sendo implementado no Brasil pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos em parceria com as instituições governamentais brasileiras, e que é um braço do mesmo programa a nível regional. 

Este programa tem atividades específicas para o Brasil, tais como o desenvolvimento de cadeias de valor da sociobiodiversidade e o manejo do fogo em áreas protegidas, dentro da Parceria para a conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB), mas o mesmo projeto se beneficia de sua abrangência regional ao promover trocas de conhecimentos e tecnologias entre os países e padronizar metodologias e terminologias para uma efetiva colaboração entre as diversas equipes nacionais

Em suma, uma Bacia Amazônica saudável, resiliente e valorizada pela sociedade, que garanta o bem-estar humano e proteja nosso clima global, só é possível de ser alcançada com um enfoque regional, mas que leve em conta e se combine com atividades específicas locais, em benefício de todos os envolvidos direta ou indiretamente.

 *Marcos Bauch é o coordenador no Brasil do programa da USAID para a América do Sul