Manejo do pirarucu: resultados que geram renda e conservam o território

Homem em canoa segura pirarucu pescado recentemente
Novidades como loja virtual e reconhecimento pela conservação fortalecem a cadeia

Junho/Julho, 2023 -- Resultado do trabalho conjunto de povos indígenas, populações tradicionais ribeirinhas, organizações locais, pesquisadores, técnicos e entidades parceiras, a cadeia de manejo sustentável do pirarucu no Médio Juruá, além de promover a conservação da espécie, registrou várias conquistas nos últimos meses. 

Entre elas houve a inauguração de uma loja virtual para a venda de produtos da sociobiodiversidade amazônica aos moradores de Manaus, capital do estado do Amazonas; o lançamento de um novo site com informações e novidades sobre o Coletivo do Pirarucu; e o reconhecimento da importância do trabalho pela Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES). Acesso a mais informações neste link

Além disso, a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), responsável pelo arranjo comercial da iniciativa Gosto da Amazônia, reuniu mais de 500 pessoas em sua assembleia anual, quando houve a prestação de contas das atividades do ano e a discussão de projetos futuros. Em 2022, a ASPROC comprou 440 toneladas de Pirarucu em dez áreas de manejo ao longo do território. Isso representa um aumento de 43% em relação ao ano anterior, beneficiando mais de 800 famílias.

Segundo o balanço parcial da pesca de 2022, realizado com base nos dados apresentados pelas associações comunitárias do Coletivo, foram capturados 23 mil Pirarucus manejados, movimentando cerca de R$ 6,3 milhões e gerando renda para mais de 1.600 famílias (leia mais aqui).

Além dos benefícios socioeconômicos, o manejo sustentável tem papel fundamental na conservação da biodiversidade e proteção territorial de ao menos 30 áreas no Amazonas, incluindo Reservas Extrativistas, Reservas de Desenvolvimento Sustentável, Terras Indígenas e Áreas de Acordo de Pesca. 

Esses resultados são parte da estratégia de fortalecimento da cadeia produtiva do Pirarucu,  que recebe o apoio da USAID/Brasil, por meio da Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB). 

Inclui projetos como o Cadeias de Valor Sustentáveis – sob a coordenação do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), com a participação de outros parceiros – e o Programa Território Médio Juruá (PTMJ), uma iniciativa de desenvolvimento territorial coordenada pela Sitawi que já apoiou mais de 3 mil pessoas e conservou 1 milhão de hectares. Além do apoio da USAID, o PTMJ (leia mais aqui) conta com a parceria da Natura, Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) e Aliança Bioversity & CIAT, e suas ações são implementadas por organizações locais. 

Preparação - Junho é o mês em que manejadores, técnicos e organizações locais e parceiras das comunidades do Médio Juruá se reúnem para traçar o planejamento do manejo do Pirarucu em lagos da região. Com esta etapa realizada, a pesca normalmente é programada para setembro. 

A quantidade de peixes que cada comunidade tem direito a pescar e comercializar depende da cota autorizada pelos órgãos oficiais, que é definida com base na contagem realizada no primeiro semestre.

Desenvolvida e aprimorada ao longo das últimas décadas, essas técnicas de manejo sustentável garantiram a volta em abundância do Pirarucu, conhecido como o “gigante da Amazônia”, aos rios locais. A espécie chegou a entrar na lista de ameaçada de extinção no início dos anos 1990. Nos últimos 20 anos, algumas populações de Pirarucu cresceram mais de 600%. As práticas de manejo também ajudaram a aumentar os estoques de espécies como tambaqui, jacaré-açu, tartaruga, tracajá, peixe-boi e outras.