Julho Verde: projeto fomenta desenvolvimento sustentável
Junho/Julho, 2023 - Além de ser a mais biodiversa floresta tropical do mundo, a Amazônia abriga a maior faixa contínua de manguezais, ecossistemas costeiros que se formam em estuários, onde os rios se encontram com o mar. Essas áreas desempenham importante papel na mitigação das mudanças climáticas – já que os solos de mangue são eficazes sumidouros de carbono – e têm uma rica biodiversidade, com mais de 200 espécies de plantas, 600 de vertebrados aquáticos, além de pássaros.
Cerca de 80% dos manguezais em território brasileiro estão em três estados do bioma amazônico: Maranhão, Pará e Amapá. É exatamente em um trecho dessa região, mais especificamente no Pará, que o projeto Pesca para Sempre, implementado pela organização não-governamental Rare Brasil, atua.
O projeto trabalha com 12 comunidades e suas associações, todas localizadas em reservas extrativistas. Agora, a iniciativa, com o apoio da USAID/Brasil, por meio do Enraíza PPA, está incrementando o suporte ao desenvolvimento econômico sustentável dessas comunidades tradicionais, em especial pescadores artesanais.
A parceria vem sendo desenvolvida em cinco frentes: fortalecimento da inclusão financeira e o mercado justo para os pescadores artesanais; educação financeira e empreendedora para mulheres de comunidades pesqueiras; fortalecimento da gestão pesqueira compartilhada baseada na comunidade; conservação da biodiversidade com monitoramentos da produção pesqueira e ecológico dos manguezais; capacitação, mentoria e apoio no registro de pescadores e beneficiários para garantir acesso a políticas públicas.
O Enraiza PPA: Por Amazônias Sociobiodiversas & Sustentáveis é uma realização da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) e da Aliança Bioversity/CIAT e vai trabalhar com seis projetos no total (saiba mais aqui).
Neste mês, quando é celebrado o Dia Mundial de Proteção dos Manguezais, o Pesca para Sempre promove o “Julho Verde”, uma campanha que desenvolve diversas atividades com o objetivo de alertar para a importância desses ecossistemas e suas comunidades “guardiãs”. A iniciativa estimula os moradores a participarem da gestão das unidades de conservação, com valorização da biodiversidade.
“Cada associação vai fazer uma atividade, conforme entende que seja mais necessária para os pescadores e pescadoras artesanais. Durante todo o mês temos envolvimento de grupos de jovens, de mulheres e de vários setores”, explica a gerente de implementação sênior da Rare Brasil, Maura Sousa.
Mães do Mangue - Um dos grupos com importante papel nesse processo é o Mães do Mangue, uma rede de mulheres criada em 2020 para valorizar a participação feminina tanto em atividades ligadas à pesca artesanal nos mangues como no monitoramento das espécies e das áreas de conservação.
“As mulheres geralmente ficam invisíveis, mas têm um papel extremamente importante entre os extrativistas marinhos. Elas fazem o beneficiamento dos pescados, o controle financeiro em casa, estão normalmente o dia todo nas comunidades e conseguem identificar pontos de atenção, como extrativismo predatório, além de cuidar da educação dos filhos e repassar ensinamentos para as próximas gerações”, completa Maura.
Em maio, o Mães do Mangue promoveu um fórum, em Belém (capital do Pará), em que reuniu mulheres de 34 comunidades, incluindo lideranças femininas das reservas extrativistas e representantes das Associações dos Usuários das Reservas Marinhas do estado. No evento foi realizada a 2ª Chamada do Fundo Semente, criado para atender demandas das mulheres – o recurso pode ser usado em pequenos projetos e é pago via associações, aproximando-as dessas organizações.
Nos próximos meses começam ainda capacitações voltadas às mulheres para apoiar pequenos empreendimentos.
Outra atividade de destaque é a capacitação de boas práticas da cadeia de valor do caranguejo e o treinamento para monitoramento da produção.
Conheça mais sobre o Mães do Mangue e assista a depoimentos no site da rede.