Gosto da Amazônia busca novos mercados para pirarucu selvagem de manejo sustentável
O Gosto da Amazônia, criado para promover a comercialização conjunta do pirarucu selvagem de manejo, vem buscando novas formas de se firmar no mercado do Rio de Janeiro e ampliar a comercialização para São Paulo e Brasília. Para tentar driblar a difícil situação imposta a bares e restaurantes pela pandemia de Covid-19, o projeto participou em julho do Festival Delivery do Rio Gastronomia.
Em São Paulo, uma parceria com a recém lançada Biobá (plataforma online de produtos da sociobiodiversidade) está permitindo a comercialização online do produto com bares, restaurantes e consumidor final. Além disso, entrou no ar um novo site (clique aqui) com informações sobre o projeto.
Maior peixe de escamas de água doce do mundo, chegando a medir 3 metros e pesar 200 quilos, o pirarucu é encontrado principalmente na Amazônia e seu manejo sustentável tem ajudado a manter a sobrevivência da espécie, além de permitir autonomia alimentar e de renda às comunidades envolvidas, garantindo a conservação da biodiversidade.
O manejo do peixe começou há mais de 20 anos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e atualmente é feito em pelo menos 31 áreas, com autorização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Em abril de 2019, nasceu o Gosto da Amazônia com o objetivo de atuar na ampliação do consumo do pirarucu selvagem de manejo sustentável para outras regiões brasileiras por meio de ações de promoção do produto, melhoria da comercialização e apoio de logística.
O projeto é baseado na organização social e produtiva das famílias manejadoras e de suas associações. Envolve comunidades, organizações da sociedade civil e governamentais. É executado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com recursos da USAID/Brasil e apoio de outras entidades, entre elas o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). A Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), que trabalha com comunidades ribeirinhas localizadas ao longo do médio rio Juruá (AM), faz a centralização do arranjo comercial.
“Um dos gargalos é abrir o mercado final fora da Amazônia. Além de atividades promocionais no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, estamos trabalhando no envolvimento de parceiros comerciais do atacado e varejo e no apoio de logística, importantes para ampliar o mercado”, analisa Pedro Constantino, do Serviço Florestal dos EUA.
No ano passado, para divulgar o produto, 10 renomados chefs do Rio de Janeiro visitaram as áreas de produção para conhecer o potencial do pirarucu na gastronomia. Foram realizados três eventos durante 2019 para mostrar modos de preparo e formas de saborear o peixe.
Frédéric Monnier, um dos chefs que vêm usando o peixe, participou, em junho, de uma live por meio de uma rede social com o artista plástico Fessal na qual ensinou uma receita e o artista tratou de técnicas para pintar um quadro, que será leiloado. O recurso será doado para Associação dos Paumari, um dos locais de manejo.
História - Por causa da pesca desordenada em meados do século 20, o pirarucu foi quase dizimado nos rios amazônicos. Hoje, o manejo é feito de forma comunitária, com os manejadores protegendo os lagos, contando os estoques nos ambientes aquáticos, usando metodologia validada cientificamente, e solicitando cota de abate ao governo. Em 2019, a cota de captura do pirarucu teve aumento de 29% no Amazonas, de acordo com dados da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Esse crescimento beneficiou mais de 1,2 mil famílias ribeirinhas.
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