Fundo desenhado em parceria com a USAID/Brasil investe em empresas com impacto positivo
O primeiro fundo de investimento de impacto voltado para negócios sustentáveis na Amazônia assinou em abril os dois primeiros contratos para oferecer capital de longo prazo, com impacto positivo para a biodiversidade.
O Althelia Biodiversity Fund (ABF), que em breve mudará o nome para Amazon Biodiversity Fund, é um dos fundos da Mirova Natural Capital e foi desenhado em parceria com a USAID/Brasil e Alliance Bioversity International-CIAT.
As empresas Manioca, que promove produtos alimentícios da Amazônia, e Horta da Terra, produtora de plantas alimentícias não convencionais (chamadas de PANCs) desidratadas, foram as beneficiadas com os financiamentos. No total, o investimento será de até R$ 10 milhões, entre capital inicial e de longo prazo (de 2 a 3 anos).
“Queríamos investir na cadeia de alimentos da Amazônia e as duas empresas se encaixam nisso, com perfil inovador. A Manioca já é uma referência para a gastronomia. A Horta da Terra é mais nova, porém com base de sócios fortes. As duas têm produtos que valorizam a biodiversidade e trabalham com pequenos produtores, gerando impacto social positivo”, diz Nick Oakes, diretor de Investimentos da estratégia brasileira da Mirova.
Lançado em 2019, o ABF é registrado como Fundo de Investimento e Participações, com vigência de 11 anos. Foi desenhado de forma conjunta com a USAID/Brasil, Alliance Bioversity-CIAT, com apoio de membros da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA). O fundo busca superar desafios financeiros enfrentados por startups da Amazônia, oferecendo investimento de impacto de longo prazo (saiba mais aqui).
Mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia da COVID-19, Oakes disse que a captação de recursos está avançando, com negociações envolvendo investimentos estrangeiros. A previsão é chegar ao fim do ano com R$ 300 milhões captados.
Alternativa sustentável - A Manioca é uma empresa paraense que vende alimentos e bebidas ao consumidor derivados de produtos nativos da Amazônia. Tem entre seus objetivos mostrar produtos feitos com ingredientes da região, cultivados de forma sustentável, que devem atender consumidores no Brasil e no exterior.
O financiamento ajudará não só a promover o consumo desses produtos como também a aumentar o valor e o reconhecimento da produção sustentável da biodiversidade amazônica. Com isso, pode se tornar uma estratégia de subsistência viável para famílias que vivem na região e ajudar a preservar a floresta e sua biodiversidade.
“Os recursos aportados pela Mirova nos darão a capacidade de investir em novos produtos, aumentar nossa produção e assim levar os sabores da Amazônia para todo o Brasil, e talvez para o mundo. O investimento também nos ajudará a reforçar nossa atuação sustentável na região, valorizando a floresta e nossos produtores”, disse Paulo dos Reis, cofundador e diretor comercial da Manioca.
Criada em 2014, pelos sócios Paulo dos Reis e Joanna Martins, a empresa se especializou em fornecer produtos paraenses a restaurantes reconhecidos da gastronomia brasileira, como o DOM, do chef Alex Atala, e o Maní, da chef Helena Rizzo, e redes de supermercados.
Inovação - A Horta da Terra busca oferecer acesso a produtos com poderes nutricionais e funcionais da biodiversidade amazônica por meio da agricultura sintrópica - sistema de cultivo agroflorestal caracterizado pela organização, integração, equilíbrio e preservação de energia no ambiente. O uso de tecnologias digitais e de alimentos também faz parte do modelo de negócios.
A empresa, que começou a ser implantada em 2011, cultiva produtos em harmonia com os ecossistemas locais, sem o uso de agrotóxicos. Tem buscado parceria com pequenos produtores da região do município de Santo Antônio do Tauá, próximo a Belém, capital do Pará. Por enquanto, a empresa comercializa seis espécies de plantas (jambu, chicória, cariru, ora-pro-nóbis, vinagreira e taioba), prevendo chegar a 13 no futuro.
“Com o investimento, pretendemos acelerar o modelo de negócio da empresa, dando acesso às pessoas aos poderes nutricionais, funcionais e medicinais das plantas da Amazônia e trabalhando pela preservação da floresta em pé. Queremos cada vez mais que a empresa colabore com a sociedade”, afirma Bruno Kato, CEO da Horta da Terra.
Conheça mais sobre a Manioca aqui e sobre a Horta da Terra aqui.