Empresa acelerada pela PPA busca ganhar escala com parceiros que produzem borracha
A Encauchados de Vegetais, um dos negócios sustentáveis apoiados pelo programa de aceleração da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), juntamente com a Poloprobio e Cooperagro passaram a usar a marca Seringô para todos os produtos de borracha vegetal produzidos a partir do látex fornecido por comunidades na Amazônia.
A @seringô já tem presença no Instagram e uma coleção que irá estar presente no desfile da loja Benglô, criada pela atriz global Glória Pires, em novembro.
No início do mês, dentro de um projeto que envolve o Fundo Amazônia, Ecoforte e do qual a PPA é parceira, a Seringô realizou a primeira de uma série de oficinas para treinar multiplicadores em boas práticas de corte da seringueira e da secagem do leite, além de artesanato e biojóias a partir de encauchados – uma técnica recuperada dos índios, que foi aprimorada e permite o início do processo de vulcanização da borracha natural ainda na floresta.
A primeira de cinco comunidades da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns a receber a oficina, que contou com indígenas entre os participantes, foi Vila Franca. Na oficina de artesanato e biojóias, uma comunitária da Floresta Nacional do Tapajós e uma quilombola da região da Calha Norte também foram convidadas para trocar informações, ensinar e aprender com o grupo de Vila Franca.
Há cerca de uma hora de barco de Santarém, no Pará, Vila Franca é a primeira de uma série de comunidades ribeirinhas da Resex que completou 21 anos de criação e foi a primeira do estado. A extração da borracha já foi principal atividade econômica da região, mas foi abandonada há décadas.
“Há quatro anos começamos o trabalho com o artesanato de encauchados, a partir do treinamento da Cooperagro. As mulheres casadas dependem dos maridos para extrair o látex e as que não são casadas, pagam pelo produto. Vendemos em Santarém, na loja Cristo-Rei. Temos um stand lá”, explica Maria Angélica Correa, Coordenadora do grupo de artesanato da Vila Franca. A família dela doou o terreno para a construção do galpão onde o grupo trabalha, produzindo toalhas emborrachadas, descansos de mesa, suplás, bolsas, marcadores de livros e biojóias.
Parte da produção dos seringueiros em Vila Franca também é enviada para Oriximiná, onde Rosa Alves coordena outro grupo de artesanato da Seringô. Ela explica que “lá os seringais são distantes e ainda não há estímulo para que os homens retomem a produção regular. Dependemos dos seringueiros daqui”.
A renda com a venda de artesanato já começou a mudar o equilíbrio de poder entre os ribeirinhos. Pela primeira vez, as mulheres têm sua própria renda. Algumas decidem juntamente com os maridos economizar para comprar eletrodomésticos ou material escolar. E todas já puderam comprar itens para si, sem depender dos maridos.
Maria Angélica, que tem uma renda mensal inferior a meio salário mínimo, diz que sempre viveu de artesanato, mas antes trabalhava com palha e produtos da floresta que ela buscava e não consegue mais por causa de problemas de saúde: “Podemos trabalhar em casa, fazer nossos trabalhos domésticos e ainda complementar a renda”.
Francisco Salmonek, CEO da Seringô, que conduziu o treinamento com os seringueiros, diz que a Resex Tapajós-Arapiuns será um núcleo forte para produção de calçados da Seringô no Pará. A Resex Tapajós-Arapiuns, tem capacidade para“Ilhas de alta produtividade, com seringueiras plantadas em antigas roças”. A Resex pode vir a produzir 220 toneladas de borracha por mês, de acordo com o levantamento recente. Hoje, só tiram látex para artesanato”. Até o final do ano, a Seringô espera que seu projeto compre duas toneladas de borracha ao mês da Resex. A intenção é certificar a borracha como orgânica num futuro próximo e os primeiros passos foram dados durante a oficina em novembro, quando seringueiros aprenderam técnicas sustentáveis para tirar o leite da seringueira e iniciar o processo de vulcanização.