Desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis auxilia na integração de instituições brasileiras envolvidas na conservação da biodiversidade

O trabalho com cadeias produtivas sustentáveis na Amazônia ajudou a aparar arestas na colaboração entre os dois principais órgãos responsáveis por áreas protegidas no Brasil. Foi o que atestaram representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Fundação Nacional do Índio (Funai), presentes na Reunião Anual de Parceiros Implementadores da PCAB: “Por muitos anos ficamos focados nos conflitos e essa agenda (das cadeias produtivas) tem a capacidade de nos unir,” disse o presidente do ICMBio, Paulo Carneiro, na abertura do evento.

“Talvez há alguns anos a gente estivesse apresentando: do lado direito, o ICMBio, responsável pela conservação de Unidades de Conservação; do lado esquerdo, Funai, com responsabilidade por 13% do território”, exemplificou o mediador do painel sobre Gestão Participativa e Integrada de Áreas Protegidas, Juan Scalia, que coordena a Promoção ao Etnodesenvolvimento na Funai e corroborou que agora “não é esse o espírito”.

Trabalhando de forma integrada dentro da PCAB, os dois órgãos e instituições da sociedade civil que atuam como parceiros implementadores, têm alcançado progressos como a implantação do Programa Monitora (de monitoramento da biodiversidade em Unidades de Conservação), da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial em Terras Indígenas (PNGATI) e no desenvolvimento das cadeias de valor, que unem as duas esferas. Carneiro lembrou que “temos trabalhado junto com a Funai no reconhecimento, valorização e apoio ao papel desempenhado pelas populações indígenas na conservação ambiental”.

Homens e mulheres diretamente envolvidos nestas cadeias de produtos da floresta também a importância da PCAB para extrativistas e indígenas envolvidos. Edvaldo Oliveira, representante da Associação de Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) do Médio Juruá, elogiou a atuação da PCAB e disse que “às vezes é difícil convencer gestores de outros programas, de que é importante investir em cadeias produtivas”. João da Mata, Coordenador de Produção e Uso Sustentável do ICMBio, apontou o projeto de manejo sustentável do pirarucu em Carauari como um dos mais bem sucedidos na área de cadeias sustentáveis.

De olho no futuro

Se para o presidente da Funai, Wallace Moreira Bastos, a cooperação internacional é o caminho encontrado para reforçar a PNGATI e capacitar servidores e indígenas “levando a Funai de volta para aldeia, para a ponta”, Paulo Carneiro, do ICMBio, acredita que parcerias como a PCAB ajudam a enfrentar o desafio do rápido crescimento de áreas protegidas na última década – hoje o Brasil tem 9% de sua área terrestre e 26% da marinha transformadas em áreas de proteção federal. “Sempre nos consideramos pequenos para o tamanho da tarefa e recorremos às parcerias internacionais e à sociedade civil na tarefa de conservar a biodiversidade nacional e o imenso patrimônio que temos nas mãos”, disse Carneiro.

Wofsi Yuri de Souza, Coordenador de Cooperação Técnica e Parcerias com Países Desenvolvidos da ABC, concluiu afirmando que espera que até 2024, ano previsto para o encerramento da PCAB, “a sociedade brasileira e a comunidade internacional possam identificar e reconhecer o trabalho feito por todos vocês”.