Artesanato: transformando fibras, barro e sementes em arte
Maio/Junho, 2024 – A comercialização do artesanato – incluindo biojoias, produtos de tecelagem, cestaria e cerâmicas – é uma forma de gerar renda para comunidades indígenas, especialmente mulheres, além de fortalecer a cultura de cada povo, contribuindo com a conservação da floresta em pé. No entanto, enfrenta uma série de desafios, como a dificuldade de coleta das matérias-primas na floresta amazônica, a entrada em mercados externos e até mesmo a necessidade de fortalecimento das organizações dos grupos de artesãs.
Com um trabalho desenvolvido nos últimos anos visando a consolidação de cadeias da sociobiodiversidade, mulheres indígenas da região Tupi Guaporé, envolvendo oito Terras Indígenas em plena Amazônia Legal brasileira, buscaram superar esses obstáculos e lançam o “Catálogo de Artesanato dos Povos Indígenas de Rondônia e Mato Grosso”.
A publicação vai além do levantamento e da exposição de peças para comercialização. Incluiu um trabalho de acompanhamento técnico visando a formação e aprimoramento de capacidades em gestão e comercialização. Promoveu o desenvolvimento institucional das organizações de mulheres e o apoio à governança da cadeia de valor nos territórios.
É fruto da colaboração entre os povos indígenas da região e a Iniciativa Comunidades e Governança Territorial da Forest Trends (ICGT-FT) dentro do projeto Nossa Floresta Nossa Casa. Com a parceria estratégica da USAID, o projeto tem a Greendata - Centro de Gestão e Inovação Socioeconômica e Ambiental como parceiro na operacionalização e conta com o apoio da Plataforma Parceiros Pela Amazônia (PPA). Atua em oito Terras Indígenas – Igarapé Lourdes, Kwazá do Rio São Pedro, Rio Branco, Rio Mequéns, Roosevelt, Sete de Setembro, Tubarão Latundê e Zoró.
O catálogo traz fotos dos produtos para venda e um pouco da história de cada um dos povos do Tupi Guaporé – um território de 1,5 milhão de hectares (área pouco maior que o estado americano de Connecticut), formado por corredores de áreas protegidas. Abriga 28 povos indígenas e comunidades tradicionais, com cerca de 10 mil moradores.
Além do fortalecimento das cadeias da sociobiodiversidade com aumento da resiliência, o projeto visa o bem-estar dos povos e a busca de oportunidades de geração de renda por meio de iniciativas econômicas indígenas. Isso é alcançado por meio do enfoque na governança territorial, fortalecimento de organizações comunitárias, valorização cultural, segurança alimentar, garantia de direitos, meios de vida e conservação da floresta em pé e sua biodiversidade.
Como resultado, as mulheres indígenas têm ocupado espaços em tomada de decisões dentro de seus territórios e vêm conquistando autonomia financeira, o que permite melhorar as condições de vida de suas famílias.
“Tive muito apoio para dar o pontapé inicial do nosso trabalho. Tive ajuda com a burocracia e a entender que o que fazemos culturalmente pode nos ajudar a sobreviver. Isso é muito importante para nós mulheres avançarmos no trabalho. (O artesanato) É cultural e pode fortalecer o nosso conhecimento”, diz Lana Suruí, que coordena as atividades ligadas à cadeia do artesanato da COOPAITER, a cooperativa indígena do povo Paiter Suruí. Lana vem possibilitando parcerias comerciais com empresas visando encontrar soluções para o escoamento da produção artesanal da Terra Indígena Sete de Setembro.
Conheça o catálogo completo aqui.