A força das redes indígenas no enfrentamento à COVID em comunidades da Amazônia
Oficinas sobre comunicação, saúde e prevenção à COVID-19 serão realizadas neste ano com jovens comunicadores em comunidades indígenas de Roraima com o objetivo de capacitá-los para o uso de diferentes ferramentas de mídia visando disseminar informações de prevenção à doença. Iniciado no segundo semestre de 2021, o trabalho contemplará comunidades quilombolas no Norte do Brasil.
O projeto capacitou 30 jovens comunicadores de nove comunidades indígenas do estado no ano passado. De forma virtual, eles participaram da Oficina Wakywai de enfrentamento à COVID-19, que incluiu temas como comunicação e saúde, além de questões sobre o combate à desinformação.
Com a chegada da variante Ômicron, em janeiro, houve uma retomada da importância de divulgação de informações relacionadas à COVID entre as comunidades indígenas. Isso porque, mesmo com o avanço da vacinação, boletins Epidemiológicos da Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, apontam alta nas curvas de contágio.
Usando o conhecimento adquirido nas oficinas, jovens dos povos Macuxi, Wapichana, Taurepang e Sapará já estão adotando as ferramentas para fortalecer o enfrentamento à pandemia. Além de divulgar informações precisas sobre a doença, eles debatem estratégias de combate à desinformação e fortalecem a própria Rede Wakywai.
"Somos divulgadores da nossa própria história.
Conhecemos nossa realidade e queremos ajudar as comunidades, o movimento indígena",
afirmou Isabela da Silva, da etnia Wapichana.
Para ela, a oficina foi muito rica ao ensinar novas ferramentas de comunicação, como o podcast, mídia ainda pouco conhecida pela rede de jovens indígenas.
Isabela acredita que os podcasts podem ter grande utilidade na tarefa de reforçar nas comunidades a importância da vacinação contra a COVID-19 e gripe.
O treinamento foi realizado por meio de parceria entre o Conselho Indígena de Roraima (CIR), Internews, Natureza e Cultura Internacional (NCI), Coletivo 105, além da Mídia índia, a Fiocruz, com apoio da USAID. Foram três semanas de oficinas teóricas e práticas, onde os comunicadores trabalharam suas habilidades no desenvolvimento de cartazes, produção e edição de vídeos e podcasts.
Para Nailson Silva de Almeida, da Comunidade Tabalascada, região da Serra da Lua, as oficinas foram fundamentais para ajudá-los a trabalhar com as novas ferramentas e desmistificar a vacina. "Quando fizemos um podcast sobre a importância da vacinação, os parentes entenderam a mensagem. Antes, muitos não queriam tomar a vacina", conta Almeida, que já está na expectativa de novas capacitações para fortalecer ainda mais o movimento indígena e a Rede Wakywai.
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