50 comunidades do Médio Juruá ganham lampiões solares feitos de garrafas PET
A eletricidade ainda não chegou à maioria das comunidades ribeirinhas do município de Carauari, no Médio Juruá, sudeste do Amazonas. As poucas que têm energia, dependem de geradores a diesel, que funcionam por poucas horas ao dia.
“Viver sem energia não é bom, não,” diz Marcos Oliveira de Souza, filho de um líder na comunidade de Nova Esperança. Marcos foi um dos voluntários de um grupo de 20 que visitaram várias comunidades levando uma tecnologia simples e sustentável: lampiões feitos de garrafas pet, painéis solares e canos de PVC. A tecnologia foi inventada pelo mecânico brasileiro Alfredo Moser, adotada por uma ONG filipina que trabalha com soluções sustentáveis de baixo custo, e se espalhou pelo mundo e voltou ao Brasil com a ONG Litro de Luz.
A SITAWI, uma das parceiras da PCAB e parte da rede de instituições que formam o Programa Territórios Médio Juruá, ajudou a Associação de Produtores Rurais de Carauari a convidar os voluntários do Litro de Luz a trazerem lampiões de energia solar para 600 famílias das comunidades de Carauari.
Marcos relata animado como foi a viagem de barco que levou o grupo a várias comunidades: “O pessoal das comunidades era reunido quando a gente chegava e cada um tinha uma função. Um pintava lampiões, outro tomava conta das crianças, outro carregava caixas. Tudo muito organizado”. Por conhecer a região, ele era um dos guias e diz que “foi um sonho realizado. Aprendi muito com o pessoal do Litro de Luz”.
Nova Esperança é uma exceção e tem energia 24 horas desde o ano passado. Mas mesmo lá, os lampiões serão úteis: “Pescadores podem sair à noite para o rio e voltar sem medo de pisar em cobra; e as pessoas vão poder voltar da roça mais tarde e fazer farinha à noite”, diz Marcos.
Com capacidade para funcionar por seis horas seguidas, os lampiões beneficiarão 3 mil famílias. “Participar da atividade do Litro de Luz foi muito mais do que apenas trabalho. Foi fazer parte de um evento que traz mudanças significativas para as vidas de pessoas que vivem longe dos centros urbanos”, resume Lucinete Cunha, funcionária da SITAWI em Carauari.