Projeto Ingá vai apoiar comunidades em desafios ambientais e econômicos com foco no desenvolvimento sustentável
Com as principais fontes de renda vindas da extração de bauxita e da agricultura familiar, o município de Juruti, localizado em uma área da floresta amazônica no estado do Pará, tem a maior parte da população formada por comunidades tradicionais e também povos indígenas. Em um território de 830.500 hectares vivem atualmente cerca de 59 mil habitantes, dos quais 60% estão na zona rural, espalhados em mais de 200 comunidades.
Para apoiar a formação de capital humano visando autonomia da gestão e liderança do território, além da proteção e conservação de florestas nativas com restauração de áreas degradadas, começou a ser implantado no município, em setembro, o projeto Ingá - Indicadores de Sustentabilidade e Gestão na Amazônia.
A iniciativa tem o objetivo de fortalecer o empreendedorismo local e estruturar o observatório de indicadores de desenvolvimento sustentável, com foco na Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Ingá é um fruto em vagens que podem atingir até 1 metro de comprimento. É muito encontrado em margens de rios e lagos e seu nome tem origem indígena -- significa “ensopado”, por causa do aspecto aquoso que envolve as sementes. A polpa é branca, levemente fibrosa e adocicada, rica em sais minerais.
O projeto Ingá é coordenado pelo Instituto Juruti Sustentável (IJUS), com investimentos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID/Brasil), da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), da Alcoa, do Instituto Alcoa, além de parcerias com o Instituto Vitória Régia (IVR), o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e Alliance Bioversity International/CIAT. Terá duração de 18 meses e investimento de cerca de R$ 1,6 milhão.
“Estamos cada vez mais buscando fortalecer estruturalmente as bases de nossa sociedade. Esse projeto vai integrar ações em diversos vieses da sustentabilidade a partir do fortalecimento das pessoas para áreas que hoje enfrentam diversas dificuldades sociais, econômicas e ambientais. Trazer um olhar sustentável ao uso dos recursos naturais de forma que crie um ambiente onde jovens, mulheres e agricultores familiares vejam suas vidas melhorar”, afirmou Maria Melo, presidente do IJUS.
A iniciativa tem como prioridade três importantes regiões do município: o Projeto de Assentamento Agroextrativista (PEAEX) do Curumucuri por meio da parceria com a Associação das Comunidades da Gleba Curumucuri (ACOGLEC) e com a Cooperativa Mista do Curumucuri; o PEAEX Prudente e Monte Sinai, em parceria com a Associação das Comunidades Prudente e Monte Sinai (ACOPRUMS); e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Jará, onde o trabalho será realizado juntamente com o conselho da Unidade de Conservação. Nesses locais vivem cerca de 1.900 famílias.
Haverá ainda ações na área urbana de Juruti. Por isso, a prefeitura municipal será outro importante parceiro no projeto, como beneficiário em ações formativas e nos trabalhos voltados à gestão pública.
“A PPA tem duas premissas fundamentais de trabalho. Busca sempre fomentar o desenvolvimento sustentável da Amazônia, permitindo que suas populações se fortaleçam, expandam suas capacidades, ampliem e diversifiquem sua produção. E trabalha para engajar o setor privado a assumir um papel central no estímulo a esse desenvolvimento sustentável. O projeto Ingá, a partir da consolidada parceria com a Alcoa, permite atingir as duas premissas plenamente. Garantimos recursos e oportunidades para que o IJUS, uma organização genuína da Amazônia, crie capacidades, se desenvolva e, como feliz consequência, gere um ecossistema de valor para que toda a região se beneficie”, disse Augusto Corrêa, secretário executivo da PPA.
Para o presidente do Instituto Alcoa, Fausto Cruz, o projeto Ingá está ligado à missão do instituto, promovendo coletivamente educação e desenvolvimento dos territórios. “Quando falamos coletivamente, queremos mostrar que o Instituto Alcoa está sempre atuando em conjunto, por entender que não conseguirá promover as transformações necessárias sozinho. As parcerias são fundamentais para que possamos alavancar os resultados de nosso investimento. E o Projeto Ingá é a mostra de como uma articulação pode proporcionar mais resultados, ser assertiva e promover um impacto ainda maior na sociedade.”
Focos - O projeto foi estruturado com base em três estratégias: 1) conservação da biodiversidade; 2) economia baseada na biodiversidade e 3) meio de vida e bem-estar.
Com isso, entre as ações previstas estão a proteção de 30 hectares de florestas nativas por meio de acordos de proteção florestal com agricultores familiares. Com a implantação de sistemas agroflorestais, a previsão é também restabelecer as condições de equilíbrio de outros 30 hectares de áreas degradadas.
Haverá a formação de 30 agricultores familiares em implantação e manejo de sistemas agroflorestais e a capacitação de mais 34 agricultores em boas práticas de manejo de aves.
Por meio do programa Formar Gestão, desenvolvido pelo IEB (saiba mais aqui), 20 empreendedores sociais vão fazer a Formação Continuada em Gestão de Empreendimentos Comunitários para aumentar a autonomia das organizações. O IEB implementará processos de diagnósticos, qualificação de demandas e ações formativas voltadas ao fortalecimento de capacidades locais.
“O IEB acredita que a discussão em prol da sustentabilidade ambiental só é possível se partirmos do reconhecimento de que existem pessoas, e que elas fazem parte desses biomas. A partir daí podemos discutir processos que visem o fortalecimento de capacidades locais, para que elas sejam as protagonistas das ações a serem desenvolvidas nesses territórios”, avalia Alison Castilho, analista socioambiental do IEB.
Com foco no capital humano, será feita a formação de 40 agentes de desenvolvimento local para atender lideranças comunitárias das associações do Curumucuri, Prudente, Monte Sinai, da APA do Jará e do IJUS.
“O projeto é fruto de uma grande parceria entre diversas organizações, tendo como objetivos a conservação de recursos naturais, restaurações de sistemas biológicos essenciais para a vida e formação do capital humano local. Iremos ainda estruturar o observatório dos indicadores do desenvolvimento e, fechando as ações do projeto, realizando o 2º Encontro de Sustentabilidade da Amazônia”, conclui Elber Diniz, secretário executivo do IJUS.
Conheça mais no site da PPA e por meio das redes sociais e na página do IJUS.