Economia indígena: livros ajudam a divulgar a importância das cadeias de valor na governança ambiental e territorial
Abril, 2022 - “Muitas vezes os consumidores não sabem como os produtos da floresta – a castanha, o açaí e outros – chegam ao mercado. Mostrar a importância dessas cadeias, como elas se desenvolvem ao longo do processo e valorizar quem está por trás, principalmente os povos indígenas, estão entre os objetivos das publicações”. Foi assim que o consultor da Forest Trends Pedro Póvoa sintetizou a abordagem das publicações "Dos Territórios Indígenas aos Mercados".
A série, composta de quatro livros, está disponível online e traz, com linguagem didática e visual atraente, informações sobre as cadeias de valor do artesanato, castanha-do-brasil, cacau e açaí. O trabalho faz parte do Nossa Floresta Nossa Casa, projeto coordenado pela Iniciativa Comunidades e Governança Territorial da Forest Trends (ICGT-FT), um dos implementadores da Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB).
O projeto tem a parceria da Greendata – Centro de Gestão e Inovação Socioeconômica e Ambiental na operacionalização e gestão, além do apoio estratégico da USAID/Brasil, Alliance Bioversity/CIAT e Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA).
Os livros introduzem conceitos sobre governança territorial e economias indígenas. Estão organizados em duas partes. Na primeira são apresentados dados, informações e aspectos das cadeias e mercados que indicam características, desafios e oportunidades.
Na segunda, abordam especificidades das iniciativas econômicas indígenas do Mosaico Tupi e dos arranjos em construção onde o projeto atua, incluindo oito Terras Indígenas (TIs) e 21 povos, que são parte também do território Tupi Guaporé, em Rondônia e Mato Grosso.
“Houve um período em que quase ninguém fazia mais o artesanato, mas eu sempre acreditei nele como uma forma de fortalecimento da cultura Paiter Suruí. As publicações vão ajudar na divulgação”, disse a líder indígena Maria Leonice Tupari durante evento online para lançamento dos livros que tratam do açaí e do cacau.
Leonice mora na Terra Indígena Sete de Setembro, no município de Cacoal (RO), e foi coordenadora estadual da Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR) até o início de abril. Fundada em 2015, a AGIR defende os direitos de 56 povos indígenas no estado por meio de representações femininas, promovendo o empoderamento das mulheres e denunciado violações de direitos humanos. Foi uma das organizações parceiras na construção das publicações.
Para Beto Borges, diretor da ICGT-FT, os livros são um marco. “É importante entender as cadeias de valor como um instrumento de fortalecimento ambiental e territorial, além de promover mudanças de paradigma que fortalecem as formas de viver dos povos tradicionais, estabelecendo uma resiliência econômica”, afirmou.