Pesquisa aponta que brasileiros valorizam produção sustentável na hora de consumir
Agosto, 2022 - O mercado da castanha brasileira foi tema de uma pesquisa realizada pela consultoria da Universidade da Pensilvânia, a Penn International Impact Consulting (PIIC), que revelou que fatores como a sustentabilidade, o desenvolvimento de comunidades locais e a produção em áreas livres de desmatamento são os mais valorizados pelos consumidores que utilizam produtos derivados da semente.
O estudo, feito para expandir e fortalecer o trabalho desenvolvido pela Associação dos Agropecuários de Beruri (ASSOAB) – localizada no município a 200 km de Manaus – que beneficia 365 famílias extrativistas cadastradas na região, traz informações e tendências da indústria, com destaque aos principais hábitos de potenciais clientes, para servir como um direcionamento para futuras oportunidades de mercado.
Os dados mostram que 70% dos entrevistados valorizam o fato da produção ser sustentável, 44% levam com consideração o apoio ao desenvolvimento de comunidades locais e 41% se preocupam se a área de produção é livre de desmatamento. Fatores como preço (34%), procedência (29%) e selo orgânico (21%) aparecem na sequência.
O objetivo do levantamento, realizado graças a um convênio firmado com a NESsT Amazônia - Incubadora da Floresta, é identificar potenciais parceiros para a associação e direcionar as estratégias com foco nas exportações. De acordo com Marcelo Cwerner, gerente de portfólio da NESsT, essa foi uma grande oportunidade para trazer uma das maiores e mais conceituadas escolas de negócios do mundo para a região para profissionalizar o trabalho dos extrativistas. “O resultado demonstra que o caminho que estamos percorrendo é o certo, via fortalecimento das comunidades amazônicas, proteção da natureza e utilização de ingredientes naturais e orgânicos. Agora vamos avaliar nossas prioridades, seguindo os objetivos para os próximos anos”.
Marcelo destaca também que a pesquisa realizada pela PIIC promoveu um verdadeiro intercâmbio cultural entre os estudantes americanos e os extrativistas. Após um ano de interações a distância, o grupo veio dos Estados Unidos para entender melhor a realidade e os desafios da ASSOAB. “Os estudantes foram uníssonos em me dizer o quanto essa viagem mudou a vida deles. Ir para a Amazônia e ver essa realidade foi transformador. Vivenciar a dificuldade, a distância, a beleza, a riqueza foi especial. Esse intercâmbio é um dos pontos mais ricos de toda essa parceria”.
"Esperamos que nosso trabalho de consultoria possa servir para complementar e fortalecer os incríveis esforços da NESsT à medida que a ASSOAB se expande para novos mercados de castanha do Brasil. A ASSOAB tem uma grande equipe de liderança e produto, e nossa organização de consultoria está grata por contribuir com nossa pesquisa para um desenvolvimento tão sustentável e duradouro", afirmam Nicholas Kuo e Shritha Mandava, Consultores Sênior da PIIC.
Demanda - A crescente demanda por essa semente brasileira pode ser segmentada em duas áreas principais: bens de consumo – que é a castanha in natura –, e cuidados pessoais, que utiliza o óleo da noz para o desenvolvimento de produtos. Essas indústrias estão crescendo de forma exponencial e a União Europeia tem se tornado o maior importador do Brasil.
A pesquisa demonstra, ainda, que mais de 60% dos entrevistados consideram se um produto é orgânico ou não no momento da compra e que estariam dispostos a pagar para adquirir aqueles que utilizam óleo da castanha.
Extrativistas - A ASSOAB é a responsável pela única Usina de Base Comunitária do Brasil com certificação do Ministério da Agricultura para a exportação de castanhas. A certificação, recebida em outubro de 2020 , demandou uma série de adequações para o beneficiamento da semente ao padrão necessário.
Atualmente, a associação emprega 62 funcionários e beneficia 365 famílias extrativistas cadastradas na região. Além de profissionalizar o trabalho, a entidade ajuda na logística e oferece treinamento e equipamentos de segurança das comunidades.
Apoio da NESsT Amazônia - A NESsT Amazônia - Incubadora da Floresta, parceria estratégica entre USAID, Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), Erol, Cisco Foundation e CLUA, é apoiadora da ASSOAB e está ajudando a associação a melhorar seu processo de monitoramento e rastreamento de parceiros, e a diversificar suas linhas de produtos e novos mercados.