Economia Indígena: Lições de quatro cadeias de valor que contribuem com a conservação da Amazônia

Além de uma fonte de renda para as comunidades, a economia indígena é uma forma de garantir a governança dos territórios e fortalecer a cultura dos povos tradicionais, contribuindo com a conservação da Amazônia e sua biodiversidade.

Para tratar do tema e difundir aprendizados e experiências, a Iniciativa Comunidades e Governança Territorial da Forest Trends (ICGT-FT) publicou uma série de quatro livros que trazem as cadeias de valor do artesanato, castanha-do-Brasil, cacau e açaí.

As publicações "Dos Territórios Indígenas aos Mercados" foram lançadas no fim de dezembro durante webinário online (assista aqui), que reuniu indígenas e parceiros da Forest Trends para discutir o tema. A iniciativa é realizada no escopo do Projeto Nossa Floresta Nossa Casa, que tem apoio da USAID/Brasil, Alliance Bioversity/CIAT e Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA).

"Os produtos indígenas sempre estiveram presentes na vida dos colonizadores e dos brasileiros, com produtos agrícolas, como o milho e a mandioca, nos costumes, com as redes para descanso, na formação de palavras", lembrou Maria do Carmo Barcellos, líder de mediadores culturais e gênero da FT, durante sua apresentação. Para ela, a economia indígena, além de assegurar geração de renda, é uma forma de consolidar os modos de vida dos povos. 

A visão foi reforçada por Marciely Ayap Tupari, responsável pela Tecê-AGIR que trabalha com artesanato indígena em Rondônia. "O artesanato é uma das identidades de nossos povos. Não é só um objeto. É cultura. Além de gerar renda para nossas mulheres artesãs, fala das nossas tradições", disse Marciely.

Para Beto Borges, diretor da ICGT-FT, entre os resultados do fortalecimento das cadeias de valor estão a manutenção da floresta em pé e a conservação da biodiversidade. "A partir de toda a cultura e tradição, é possível ter produtos diferenciados nessas cadeias", completou.

O webinário deu continuidade a um primeiro evento, realizado em junho de 2021, quando foram apresentadas as características e diferenciais de tipos de mercados que podem ser acessados por iniciativas econômicas indígenas (assista aqui).

Atenção aos mercados - Segundo Marcio Halla, coordenador do Projeto Nossa Floresta Nossa Casa e da área de economia indígena da ICGT-FT, as publicações podem servir como uma espécie de guia para a consolidação de ações voltadas às economias indígenas e à valorização dos povos.

Os livros introduzem conceitos sobre governança territorial e economias indígenas. Estão organizados em duas partes. Na primeira são apresentados dados, informações e aspectos das cadeias e mercados que indicam características, desafios e oportunidades. Na segunda, abordam especificidades das iniciativas econômicas indígenas do Mosaico Tupi e dos arranjos em construção onde o projeto atua, incluindo oito Terras Indígenas (TIs) e 21 povos. Também trata de iniciativas econômicas indígenas do território Tupi Guaporé, em Rondônia e Mato Grosso. 

A ICGT-FT compreende a governança territorial e organiza a atuação nos territórios indígenas com a integração das dimensões cultural, política e econômica, além de valorizar a autonomia e a autodeterminação dos povos.

Acesse os livros sobre as cadeias de valor indígenas aqui