Informação, conscientização, participação: MPB traz resultados em prol da conservação da biodiversidade
Maio, 2022 - Abastecer comunidades da Amazônia com informações sobre a biodiversidade local, fortalecer a conscientização sobre a conservação do meio ambiente, incorporando o conhecimento tradicional, e incentivar a participação de todos no processo. Essa espécie de círculo construtivo reúne alguns dos resultados que têm aparecido durante a realização dos Encontros dos Saberes.
As reuniões foram retomadas neste ano, após a pandemia da COVID-19, na reta final do Projeto de Monitoramento Participativo da Biodiversidade (MPB), que integra o Monitora - Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade.
Além da troca de experiências e de conhecimentos entre moradores locais e pesquisadores, o Encontro dos Saberes é uma oportunidade para apresentação dos resultados de monitoramento das espécies e discussão de novas necessidades que surgem em cada um dos locais.
É realizado pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas em 18 áreas protegidas juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) dentro da Parceria para a Conservação da Biodiversidade da Amazônia (PCAB), com o apoio da USAID/Brasil e da Fundação Gordon e Betty Moore.
“Esse encontro tem um significado muito importante para a nossa comunidade. O trabalho de monitoramento participativo empodera os extrativistas e nos ajuda a entender melhor sobre a manutenção da biodiversidade. A ideia de juntar o saber tradicional dos moradores da RESEX com o conhecimento técnico dos pesquisadores é fundamental para esse empoderamento. Afinal, a preservação da floresta e, consequentemente, do nosso modo de vida, depende deste entendimento sobre a importância da sustentabilidade”, afirma o líder comunitário, Aldeci Cerqueira Maia, conhecido como Nenzinho, da Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema, no Estado do Acre.
A RESEX foi a sétima Unidade de Conservação (UC) da Amazônia a sediar a temporada 2022 dos encontros, entre os dias 29 e 30 de abril, reunindo cerca de 60 participantes.
“A RESEX do Cazumbá-Iracema tem um histórico de organização e envolvimento com o MPB que já dura oito anos. Nossa percepção é que a comunidade tem se apropriado do projeto de monitoramento da melhor forma possível. E é neste momento de troca de conhecimentos, quando todos são chamados para discutir sobre os resultados, que percebemos a importância dos espaços de diálogo e escuta ativa para o fortalecimento dos arranjos locais e a conservação da floresta”, destaca Débora Lehmann, coordenadora técnica do projeto MPB.
Localizada às margens do rio Caeté, com uma área de mais de 750 mil hectares, a RESEX do Cazumbá-Iracema é referência em governança local de UCs. Iniciou a parceria com o projeto MPB em 2014 por meio do monitoramento da castanha-do-Brasil. Ao longo dos anos, foram inseridos novos alvos, como mamíferos, aves, borboletas e plantas.
Pesquisadora local do IPÊ, Ilnaiara Sousa destaca que as informações coletadas a partir do projeto foram essenciais para compreender a dinâmica da cadeia produtiva da castanha na Resex. "O resultado só foi possível graças à participação efetiva da comunidade. A sensação que temos é de dever cumprido, além da certeza de que o monitoramento participativo precisa e deve continuar”, diz.
O monitoramento da biodiversidade compreende um conjunto de atividades de longo prazo que permitem avaliar as respostas de populações e ecossistemas às práticas de conservação e aos impactos de fatores externos, como alterações da paisagem e mudanças climáticas. Com base nessas ações, é possível criar estratégias para atenuar as pressões sobre os ecossistemas.
Troca de Saberes - Desde o início do MPB, o IPÊ realizou 14 Encontros dos Saberes presenciais e dois grandes seminários envolvendo parceiros da instituição como lideranças locais, gestores do ICMBio, monitores e pesquisadores de diversas instituições. Neste ano serão dez reuniões no total, terminando até o final de junho.
Antes da RESEX do Cazumbá-Iracema, o Encontro dos Saberes havia sido realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Itatupã-Baquiá, no Pará, no dia 8 de abril, onde reuniu cerca de 70 comunitários.
Segundo o monitor local Manoel Chaves, conhecido como seu Codó (leia mais aqui), a atividade ajuda a fortalecer a organização comunitária. “Acompanhar os resultados do monitoramento é importante para toda a comunidade. Primeiro porque nos abastece de informação sobre a nossa biodiversidade. Segundo porque fortalece a nossa conscientização sobre a preservação da natureza. E terceiro, auxilia no nosso fortalecimento comunitário, incentivando a participação de todos nesse diálogo”, afirma.
Mais informações aqui.