Mulheres buscam inserção em projetos durante construção de planos de gestão

Secretária-geral do Movimento de Mulheres do CIR conta como vem sendo realizado o trabalho

Setembro, 2022 - Mulheres indígenas de Roraima têm conseguido ser inseridas em projetos de geração de renda e de fortalecimento da cultura durante o processo de construção dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs), montados pelas próprias comunidades em parceria com o Conselho Indígena de Roraima (CIR).

Segundo a secretária-geral do Movimento de Mulheres do CIR, Maria Betânia Mota de Jesus, do povo Macuxi, as indígenas estão buscando ocupar espaços nas comunidades e, para isso, têm atuado junto às lideranças locais. "As mulheres indígenas têm conseguido mostrar aos líderes que querem seguir ao lado deles para ter suas vozes ouvidas", disse a secretária.

O objetivo dos PGTAs é garantir e promover a proteção, conservação e uso sustentável dos recursos naturais das Terras Indígenas, valorizando e reconhecendo os conhecimentos ancestrais associados à conservação da biodiversidade da Amazônia. A construção é feita de forma participativa.

Maria Betânia foi uma das lideranças indígenas que participaram em agosto do Encontro de Parceiros da PCAB, promovido pela USAID/Brasil (leia mais aqui). 

A seguir, ela conta como está o desenvolvimento das iniciativas. 

Como tem sido a atuação das mulheres nas comunidades indígenas de Roraima?
As mulheres indígenas buscam empoderamento e querem ocupar espaços no dia a dia de suas comunidades. Elas têm conquistado espaço com as lideranças, geralmente homens, dizendo que querem seguir e atuar ao lado deles. Está sendo muito importante a construção dos PGTAs, dentro da parceria com a USAID/Brasil.

Como o apoio da USAID tem contribuído?
A USAID apoia o processo de implementação dos PGTAs e trouxe uma porcentagem de atuação das mulheres nessas atividades. Por meio desses planos, os indígenas dizem o querem para suas comunidades, traçam planos de fortalecimento das culturas e da gestão das Terras Indigenas, tanto ambiental como territorial, protegendo a floresta amazônica. Nessas discussões também há uma preocupação com as gerações futuras.

E qual o papel das mulheres nos PGTAs?
Em cada projeto construído pelas lideranças e comunidades, as mulheres têm buscado oportunidades. Elas vêm conseguindo recursos para trabalhar com o cultivo da mandioca, com o corte e costura criativa, com o artesanato e a cerâmica, visando gerar renda e fortalecer a cultura de cada povo. As mulheres atuam ainda no fortalecimento das práticas da medicina tradicional indígena. Por meio de projetos no CIR, temos dado apoio para a compra de insumos e adequação estrutural para as casas de medicina tradicional indígena. Não podemos esquecer da juventude, que também atua com as mulheres. 

As comunidades indígenas sentem os impactos das mudanças climáticas?
Nós, povos indígenas, sentimos que a mãe Terra está pedindo socorro, percebemos os efeitos das mudanças climáticas. Temos procurado cada vez mais entender cientificamente esses impactos para aliar as ações de combate aos conhecimentos tradicionais indígenas. É  da floresta que tiramos nosso sustento, nossa vida. Precisamos da floresta em pé, saudável, para que ela continue trazendo vida. A Amazônia é vida.