Seminário aborda empoderamento feminino indígena
Outubro / Novembro, 2022 - Mulheres indígenas dos povos Macuxi, Wapichana, Taurepang e Patamona elaboraram um documento com estratégias visando criar grupos de discussão com jovens e lideranças para combater formas de discriminação. O trabalho é fruto do Seminário Estadual Mulheres Indígenas, realizado entre os dias 22 e 23 de outubro, em Roraima.
Durante o evento, que reuniu cerca de 200 participantes, foram discutidos temas como direitos, segurança, combate à violência e incentivo à autoestima para a gestão do Território indígena. Ao final, o grupo realizou um ato pedindo o fim da violência contra a mulher, em que todas pintaram as mãos de vermelho e “imprimiram” as marcas em uma faixa, de forma simbólica.
“Lidamos com nossas emoções, sabemos como agir sempre no momento certo, determinamos o que somos, o que valorizamos e queremos, dependendo da forma como encontramos nosso cotidiano e as situações vividas”, disse Maria Betânia Mota de Jesus, do povo Macuxi, secretária-geral do Movimento de Mulheres do Conselho Indígena de Roraima (CIR).
O seminário foi promovido pelo CIR, com apoio da USAID/Brasil e da Ford Foundation. Além da participação de vários departamentos do CIR, contou com grupos de coordenação de mulheres indígenas das regiões Serra da Lua, Raposa, Baixo Cotingo, Surumu, Serras, Alto Cauamé e Murupu, com a Diocese de Roraima, a Casa da Mulher Brasileira e a Fiocruz.
As lideranças trataram não só dos problemas que têm enfrentado, como também de formas para solucioná-los nas comunidades. Entre as medidas debatidas estavam canais de denúncia, medidas de proteção e de empoderamento feminino, além de formas de acolher mulheres vítimas de violência doméstica e psicológica.
Entre os exemplos foi citado o Grupo de Vigilância Territorial Indígena (GPVTI), muitas vezes liderado por mulheres, que atua juntamente com a polícia em casos de agressão. "Realizamos diligências com a Polícia Civil. Chegamos a lidar com criminosos que entravam na comunidade da Região Serra da Lua e agressores. Fizemos cursos com o Departamento Jurídico do CIR”, explicou Alcinda Pinho Cadete, do povo Macuxi, da Região Serra da Lua.
Iterniza Pereira, também do povo Macuxi, é psicóloga no CIR e atende há pelo menos dois anos as comunidades na região e disse que tem havido aumento em casos de violência doméstica. “É uma preocupação para nós que estamos na linha de frente, para as lideranças. O CIR procura trabalhar com projetos visando medidas de prevenção”, afirmou.
Já Adriã Galvão, do Podcast Cunhatã, da Universidade Federal de Roraima, enfatizou a importância do evento. “Para mim foi revigorante e potente estar envolvida por mulheres, tão fortes, poderosas, engajadas na luta por terra, educação e saúde. Foi uma experiência única”, disse.
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