Pacote tecnológico inovador ajuda a melhorar cadeia de valor da castanha do Brasil
A cadeia de valor da Castanha do Brasil agora tem ferramentas para ajudar a melhorar a qualidade da noz e da vida das famílias extrativistas. O Pacote Tecnológico do SEMEAR Castanha produzido pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) inclui o aplicativo para celulares “Castanhadora”, o cartaz e o vídeo “Boas Práticas, na Prática”, o “Guia do Facilitador Castanheiro”, além de um caderno de campo para uso durante as safras. Estes materiais irão ajudar os produtores a seguirem boas práticas na coleta da castanha – diminuindo contaminação e melhorando a qualidade do produto, também organizando melhor suas finanças e assim aumentando os ganhos das famílias.
O pacote foi lançado em um seminário do coletivo SEMEAR Castanha em setembro, que reuniu atores-chave de toda cadeia de valor da castanha – dos extrativistas às empresas que comercializam a noz para o consumidor final, passando por industrias que beneficiam a castanha para outros produtos, como óleos para o setor de cosméticos. O aplicativo foi um dos mais elogiados. “Vai ser um fenômeno entre os castanheiros”, conta Sávio Gomes do Pacto das Águas, que participou do desenvolvimento da plataforma. “Vai cair como uma luva para os castanheiros porque a coleta é um processo familiar ou individual e a ferramenta vai ajudar a calcular os custos”.
O SEMEAR Castanha é uma rede que reúne conhecimentos e experiências em torno da castanha-do-Brasil a partir dos atores envolvidos na cadeia de valor, como indígenas, ribeirinhos, gestores de cooperativas e servidores públicos dos estados do Amazonas e Rondônia. O coletivo é composto por formandos do Formar Castanha, capacitação realizada pelo IEB em 2017 e 2018, voltada à formação continuada em cadeias de valor sustentáveis. Além dos formandos, reúne os parceiros do Pacto das Águas, Operação Amazônia Nativa (OPAN), o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e a USAID por meio da PCAB.
“No encerramento do FORMAR Castanha foi apresentada uma lista de desejos dos participantes, e estamos aqui vendo esses desejos serem atendidos. Todo esse pacote que foi entregue foi desenvolvido de uma forma muito colaborativa, ao longo de vários meses e com muito esforço de todos gerou esse pacote incrível, que será disseminado nas comunidades. Estou muito feliz de ver esse resultado do trabalho dos parceiros” completou Ana Paula Mendes, Oficial de Programa da USAID.
Discutindo o mercado da Castanha do Brasil
O seminário de dois dias reuniu cerca de 100 participantes, focando em discussões sobre os gargalos da cadeia, boas práticas e perspectivas para o setor. “A USAID está comprometida em apoiar todos os elos dessa e outras cadeias de valor e apoiar o desenvolvimento sustentável para a região amazônica respeitando seus habitantes originais tradicionais e protegendo a floresta e seus recursos naturais para as gerações futuras”, disse o diretor da USAID, Ted Gehr na mesa de abertura.
O evento teve a participação de representantes das comunidades produtoras de castanha, sociedade civil, agências de cooperação como a alemã GIZ e do setor privado, como Natura e Wickbold. Essas empresas são algumas que já tem contratos com comunidades para o fornecimento da castanha do Brasil para seus produtos. Foram debatidos os temas da ligação entre os elos da cadeia de valor e acesso a capital e financiamento.
Para Raoni Silva, da Natura, para superar os gargalos do beneficiamento e regularidade de distribuição é importante reunir os atores para melhorar a cadeia: “É preciso o envolvimento de todos para desenvolver a cadeia de valor, um ator sozinho não consegue”.
A Plataforma de Parceiros pela Amazônia (PPA), na qual a USAID atua como catalizadora, e que reúne empresas privadas comprometidas em organizar cadeias de valor e desenvolver modelos sustentáveis foi apresentada no Seminário. “A PPA busca encurtar o caminho entre o produtor e as empresas”, explicou. Alex Alves, Especialista em Engajamento do Setor Privado e Parcerias da USAID: Por meio de seu programa de aceleração, a PPA também poderia ser um caminho para gerar inovação no setor.
As mesas apresentaram os vários gargalos da cadeia – como a limitação da produção a poucos meses do ano, as dificuldades logísticas de escoar a produção, os problemas das usinas em manter o padrão de qualidade, além de outros. Mas também foram apresentadas soluções como focar em inovação e aumentar as redes de parcerias. Como resumiu Plácido Costa do Pacto das Águas: “Eu vi pessoas aqui em cima falando dos desafios, e pessoas embaixo, nos bastidores, achando as soluções”.