Pesquisa mostra que cadeia de castanha movimenta R$ 2 bilhões por ano

Castanheira vista de baixo para cima
Estudo destaca, porém, que é preciso avançar na remuneração do extrativista

Abril, 2023 - Pesquisa inédita mostra que a cadeia de castanha-do-Brasil movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano, mas ainda precisa avançar em questões sociais, ambientais e na remuneração do extrativista. O estudo, realizado pelo Observatório Castanha-da-Amazônia (OCA), entrevistou produtores, associações, cooperativas, usinas comunitárias e privadas, empresas e atores-chave da academia e do mercado multinacional para traduzir a complexidade da cadeia de valor da castanha.

De acordo com os dados divulgados em abril, o Brasil produz mais de 33 mil toneladas de castanha in natura por ano, sendo a maior parte proveniente quase exclusivamente do agroextrativismo, com coleta realizada por povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia.

O estudo “A Castanha-da-Amazônia: Aspectos Econômicos e Mercadológicos da Cadeia de Valor”, disponível online para download, concluiu também que o elo produtivo tem mais de 60 mil produtores, mas fica com menos de 5% (cerca de R$ 99 milhões) do total movimentado pela cadeia. 

Isto torna a castanheira e seu fruto elementos centrais para a conservação da maior floresta tropical do mundo e para os modos de vida dos povos e comunidades que a produzem. Esses atributos também possibilitam que a castanha-da-Amazônia e seus produtores se tornem símbolos de um novo paradigma de desenvolvimento em que o Brasil é protagonista.

O estudo mostra, no entanto, que, apesar dos inúmeros atributos socioambientais que a castanha carrega, eles estão longe de ter um peso significante na decisão de compra por parte do setor industrial e comercial, e que o preço é o principal fator para tomada de decisão sobre compras nos elos finais da cadeia de valor.

Segundo André Machado, representante do secretariado-executivo do OCA, a pesquisa demonstra a complexidade da cadeia da castanha, com diversas variações no seu funcionamento, geralmente com vários intermediários e canais de distribuição pulverizados. Além disso, o perfil, localização e maturidade das organizações comunitárias é muito heterogêneo, assim como a demanda dos compradores.

“Essas variáveis tornam a caracterização da cadeia uma tarefa árdua. Os números do estudo são aproximações dessa complexidade, mas têm o objetivo de contribuir para o debate da valorização dos seus diferentes elos e atores, especialmente o produtor extrativista, que é o grande responsável por gerar valores ambientais, sociais e culturais importantes, mas que não são reconhecidos e remunerados adequadamente pela cadeia”, explica Machado.

O OCA é uma rede de organizações que atua para desenvolver a cadeia de valor da castanha, com especial atenção à melhoria das condições de vida das comunidades e povos produtores na Amazônia. São parceiros do OCA, a Embrapa e o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), além de várias outras organizações. 

A iniciativa é parte do  Projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, desenvolvido no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha e da Aliança pelo Clima e Uso da Terra (CLUA).

Leia a íntegra do estudo aqui

Capa do estudo sobre castanha