Líder comunitária ganha prêmio internacional de meio ambiente
A premiação de US$ 20 mil foi entregue pelo líder indígena Marcos Terena em uma cerimônia do Global Landscapes Forum que discutiu uso sustentável da terra, em Bonn.
Margarida vive numa região conhecida por conflitos e violência no campo, onde grileiros e desmatadores ilegais atuam fortemente. Por mais de uma década, ela tem lutado para trazer desenvolvimento sustentável e implementar manejo florestal com certificação na Resex. Em um comunicado à imprensa, ela disse que “espera ajudar a garantir o apoio contínuo para comunidades amazônicas na proteção das florestas para futuras gerações”.
Dentro do PCBA, as ONGs Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e o Instituto Florestal Tropical (IFT) têm trabalhado em conjunto com seis associações comunitárias no Verde para Sempre para criar duas novas cooperativas e fortalecer uma já existente. Inicialmente, elas irão atuar na venda de madeira proveniente de manejo florestal comunitário, mas no futuro irão acrescentar produtos não-florestais ao seu leque. A Resex tem 1,3 milhão de hectares e é uma das maiores da Amazônia.
Um dos sucessos da iniciativa é a negociação de contratos justos e transparentes para a venda de madeira manejada pelas cooperativas e associações da Verde para Sempre. Apesar da falta de interesse inicial de compradores em potencial, as cooperativas perseveraram e a empresa Belém Florestal foi atraída pela oferta de madeira certificada com o selo do Forest Stewardship Council (FSC), vendida pela cooperativa da comunidade Arimum, onde vive Margarida. Quando a empresa descobriu que havia oferta semelhante (não certificado, mas seguindo as mesmas boas práticas de Arimum), em outras cinco comunidades, ampliou a negociação de compra para as outras e adiantou pagamentos para as seis, facilitando o início das operações.
A Verde para Sempre é a primeira Resex da região a conseguir implementar o manejo florestal comunitário e certificado. Um engenheiro florestal contratado gerencia o manejo e cuida do processo de licenciamento. Em 2017, a Belém Florestal comprou um total de R$ 2,5 milhões em madeira manejada das comunidades. O dinheiro paga salários e beneficia as 305 famílias dos 112 manejadores, mas a maior parte está sendo guardada pela comunidade para que no futuro possam comprar os equipamentos pesados necessários para o transporte e carregamento da madeira, que representam cerca de 60% dos custos de operação.
De acordo com Katiuscia Miranda, Coordenadora Adjunta do IEB em Belém, a ideia é criar uma Central de Cooperativas para facilitar o Planejamento e contornar dificuldades como a busca de compradores, já que as comunidades ficam distantes entre si e também da cidade.
No guarda-chuva do PCBA, o trabalho faz parte de um arranjo multi-institucional que inclui o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (responsável pela indicação de Margarida ao prêmio), o Serviço Florestal dos EUA, a Universidade Federal do Pará, a Embrapa, o IFT, o Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz (CDS) e organizações comunitárias. O financiamento vem da USAID e do Serviço Florestal dos EUA e outro doador, a Aliança do Clima e Uso da Terra (CLUA) também está presente.