Líder comunitária ganha prêmio internacional de meio ambiente

Uma líder comunitária do Pará que foi chave para implementar um projeto de manejo florestal sustentável apoiado pelo PCBA ganhou um dos mais importantes prêmios internacionais de meio ambiente do mundo. Alguns dias antes do Natal Maria Margarida Ribeiro da Silva, da Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre, no Pará, viajou para a Alemanha para receber o Prêmio Wangari Maathai de Campeões da Floresta. O prêmio foi criado para homenagear a primeira ambientalista que recebeu o Prêmio Nobel.

A premiação de US$ 20 mil foi entregue pelo líder indígena Marcos Terena em uma cerimônia do Global Landscapes Forum que discutiu uso sustentável da terra, em Bonn.

Margarida vive numa região conhecida por conflitos e violência no campo, onde grileiros e desmatadores ilegais atuam fortemente. Por mais de uma década, ela tem lutado para trazer desenvolvimento sustentável e implementar manejo florestal com certificação na Resex. Em um comunicado à imprensa, ela disse que “espera ajudar a garantir o apoio contínuo para comunidades amazônicas na proteção das florestas para futuras gerações”.

Dentro do PCBA, as ONGs Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e o Instituto Florestal Tropical (IFT) têm trabalhado em conjunto com seis associações comunitárias no Verde para Sempre para criar duas novas cooperativas e fortalecer uma já existente. Inicialmente, elas irão atuar na venda de madeira proveniente de manejo florestal comunitário, mas no futuro irão acrescentar produtos não-florestais ao seu leque. A Resex tem 1,3 milhão de hectares e é uma das maiores da Amazônia.

Um dos sucessos da iniciativa é a negociação de contratos justos e transparentes para a venda de madeira manejada pelas cooperativas e associações da Verde para Sempre. Apesar da falta de interesse inicial de compradores em potencial, as cooperativas perseveraram e a empresa Belém Florestal foi atraída pela oferta de madeira certificada com o selo do Forest Stewardship Council (FSC), vendida pela cooperativa da comunidade Arimum, onde vive Margarida. Quando a empresa descobriu que havia oferta semelhante (não certificado, mas seguindo as mesmas boas práticas de Arimum), em outras cinco comunidades, ampliou a negociação de compra para as outras e adiantou pagamentos para as seis, facilitando o início das operações.

A Verde para Sempre é a primeira Resex da região a conseguir implementar o manejo florestal comunitário e certificado. Um engenheiro florestal contratado gerencia o manejo e cuida do processo de licenciamento. Em 2017, a Belém Florestal comprou um total de R$ 2,5 milhões em madeira manejada das comunidades. O dinheiro paga salários e beneficia as 305 famílias dos 112 manejadores, mas a maior parte está sendo guardada pela comunidade para que no futuro possam comprar os equipamentos pesados necessários para o transporte e carregamento da madeira, que representam cerca de 60% dos custos de operação.

De acordo com Katiuscia Miranda, Coordenadora Adjunta do IEB em Belém, a ideia é criar uma Central de Cooperativas para facilitar o Planejamento e contornar dificuldades como a busca de compradores, já que as comunidades ficam distantes entre si e também da cidade.

No guarda-chuva do PCBA, o trabalho faz parte de um arranjo multi-institucional que inclui o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (responsável pela indicação de Margarida ao prêmio), o Serviço Florestal dos EUA, a Universidade Federal do Pará, a Embrapa, o IFT, o Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz (CDS) e organizações comunitárias. O financiamento vem da USAID e do Serviço Florestal dos EUA e outro doador, a Aliança do Clima e Uso da Terra (CLUA) também está presente.