Construindo o futuro: Indígenas aprendem como ‘plantar’ floresta

Plantio de sementes - Foto: CTI
Projeto promove oficinas com foco em restauração e recuperação de nascente d’água

Agosto/Setembro, 2024 – Além de serem áreas de proteção contra o desmatamento na Amazônia, as Terras Indígenas têm contribuído com a restauração da floresta em regiões em que a vegetação nativa foi destruída. O plantio de mudas traz de volta a biodiversidade do local e reforça a retomada de serviços ecossistêmicos, como os recursos hídricos e o sequestro de carbono da atmosfera. 

Um desses projetos está sendo desenvolvido na Terra Indígena Kanela, no estado do Maranhão, em uma região que a Amazônia já faz divisa com outro bioma, o Cerrado. Por lá, um dos focos é a recuperação da nascente do brejo Côhkahhàc, um curso de água que atravessa parte da aldeia Escalvado e é fonte de alimentos para os indígenas por meio da pesca.

Para reforçar as atividades da restauração florestal, atividades e oficinas têm sido desenvolvidas para troca de experiência e aprendizados dentro do projeto “Aliança dos Povos Indígenas pelas Florestas da Amazônia Oriental: Conservar, Proteger e Restaurar", que tem apoio da USAID e é realizado pelo Centro de Trabalho Indigenista (CTI), juntamente com o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), em parceria com as organizações indígenas. 

No Brasil, as Terras Indígenas estão entre as principais barreiras contra o avanço do desmatamento – perderam somente 1% (ou 1,1 milhão de hectares) da área de vegetação nativa nos últimos 30 anos, enquanto em regiões não protegidas a perda foi de quase 21%. O dado é da MapBiomas, uma rede brasileira colaborativa formada por organizações não-governamentais, universidades e empresas de tecnologia que produz mapeamento da cobertura e uso da terra. 

Construindo o futuro – Em uma das oficinas de restauração florestal realizada na aldeia Escalvado (em julho), os indígenas receberam orientações para a execução do projeto, com ênfase na produção de mudas e na recuperação da nascente. 

Essas ações foram demandadas pelos próprios grupos que participaram da formação de Agentes Ambientais Timbira e das expedições de mapeamento (conheça mais aqui).

A importância da restauração da nascente motivou a formação de um grupo de 20 pessoas – incluindo homens, mulheres e jovens, todos apoiados pela comunidade – que iniciou a estruturação de um viveiro para a produção de mudas. O local ocupa uma área de 100 m² com sombreamento em um espaço cercado de 600 m², para que as mudas cresçam.

Os indígenas fazem oficinas de produção de substrato, coleta de sementes e de amostras de solo para análise química completa. O destaque está na produção e plantio de mudas de frutíferas nativas e outras espécies de plantas e arbustos com maior potencial para a recuperação da nascente.

O projeto representa um passo significativo para a conservação ambiental e sustentabilidade da Terras Indígena, reafirmando o compromisso da comunidade Kanela Memortumré com a proteção e restauração de seu território.