Indígenas do Brasil e dos EUA trocam experiências sobre proteção territorial

Encontro foi realizado pelo CTI com apoio da USAID e do Departamento do Interior dos EUA

Dezembro, 2022 / Janeiro, 2023 - O encontro “Diálogos Indígenas para a Proteção Territorial”, que ocorreu em novembro no Centro Timbira de Ensino e Pesquisa Penxwyj Hempejxà, no município de Carolina (no Maranhão), teve o objetivo de compartilhar experiências entre indígenas do estado, do norte do Tocantins e dos Estados Unidos sobre desafios e estratégias para a gestão e proteção das Terras Indígenas.

Estiveram presentes representantes dos povos Timbira (Krahô, Apinayé, Krikati, Gavião Pyhcop Catiji, Apanjekrá – Canela, Memortumré – Kanela), Guajajara – Tenetehara, Pueblo of Laguna (Novo México), Quapaw Nation (Oklahoma), Anishinaabe-Ojibwe (Michigan), Huslia Tribe (Alasca), Cherokee Nation of Oklahoma e Tolowa Dee-ni" Nation (Califórnia).

“Estou orgulhoso de poder contribuir um pouco para que este evento, esse diálogo seja uma realidade. Eventos como esse são importantes não somente para os povos indígenas para cuidarem dos seus territórios, do meio ambiente e conservar a biodiversidade, mas globalmente, para o mundo. Essa é uma luta que os povos indígenas enfrentam diariamente”, disse Ted Gehr, diretor da USAID/Brasil.

O intercâmbio contou com painéis temáticos e mesas de debates nos quais foram discutidos os distintos contextos e desafios de gestão e proteção das Terras Indígenas. Os temas incluíram questões relacionadas a estratégias de gestão, abordagem de proteção de recursos naturais, incluindo a defesa política e dos direitos indígenas.

Foram evidenciadas semelhanças no processo histórico de colonização em ambos países e diferenças ligadas às questões fundiárias, legislação e relações com os Estados-Nação, papéis e atribuições legais na proteção dos territórios.

“É importante que compartilhemos o conhecimento gerado aqui. Acreditamos que podemos apoiar os grupos daqui. Saio desse encontro com o coração esperançoso e rezarei para todos diariamente. Escutar as dificuldades é emocionante para mim, porque passamos pela mesma situação em nossa história, e vocês vivem isso hoje. Continuarei a rezar pela sua segurança e pela sua luta. Obrigada por essa oportunidade”, disse Robert Romero, consultor e representante da Native American Fish & WildLife Society (NAFWS).

Estratégias de proteção territorial foram apresentadas por diversos setores, incluindo guardiões florestais, brigadistas, agentes ambientais, acadêmicos, pesquisadores e lideranças engajadas na defesa dos territórios. Os líderes indígenas também trataram de impactos da exploração de Terras Indígenas por meio de práticas ilegais de mineração e extração de madeira, invasão de gado, crimes de conservação e violações do agronegócio.

“Os Diálogos Indígenas para a Proteção Territorial representou um experiência inédita, uma vez que exceto por algumas eventuais visitas individuais de intercâmbios, foi a primeira vez que lideranças indígenas norte americanas vieram ao Brasil para participar de um encontro envolvendo um conjunto significativo de Terras Indígenas, para discussão de um tema tão complexo e importante. A troca de informações foi extremamente rica e produtiva, explicitando a imensa diversidade de situações das Terras Indígenas do Maranhão e Tocantins, assim como as situações das Terras Indígenas dos EUA, muito distintas das realidades brasileiras”, comentou Jaime Siqueira, coordenador executivo do CTI.

Os indígenas norte-americanos visitaram a aldeia Capitão do Campo – Terra Indígena Kraolândia, onde puderam vivenciar a riqueza cultural do povo Krahô e as pressões decorrentes do agronegócio na região. 

O evento foi realizado pelo Centro de Trabalho Indigenista (CTI) em parceria com a Associação Wyty-Catë das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins, Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (COAPIMA), Articulação das Mulheres Indígenas do Maranhão (AMIMA), Native American Fish & WildLife Society (NAFWS), Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN), com o apoio da USAID, do Departamento de Estado e do Programa Internacional de Assistência Técnica do Departamento do Interior do Estados Unidos (DOI/ITAP).