Workshop constrói junto com comunidades as regras para a pesca sustentável de pirarucu dentro de Unidades de Conservação

O IPÊ, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizou entre os dias 4 e 8 de Setembro a 2a Oficina para construção do Protocolo de Monitoramento do Pirarucu em Unidades de Conservação (UCs). A iniciativa faz parte do projeto Monitoramento Participativo da Biodiversidade, que abrange 17 UCs da Amazônia e quase 12 milhões de hectares. No projeto, a comunidade é o principal agente de transformação: por meio da troca de conhecimento com pesquisadores, gestores e instituições, os moradores locais passam a monitorar eles mesmos a fauna e flora locais, contribuindo para a valorização e conservação. E o conhecimento local é usado na criação dos protocolos de manejo.

Manuel Cunha, comunitário e agora também gestor da Reserva Extrativista Médio Juruá, uma das UCs participantes da oficina, acredita que “Precisamos nos unir para levantarmos dados, pois será importante para o manejo e garantia da sustentabilidade dos recursos”.

Nesta oficina, realizada de 3 a 5 de setembro, em Manaus (AM), foram discutidas e identificadas quais questões e características da conservação e comercialização do pirarucu serão monitoradas nas Reservas Extrativistas (Resex) Médio Juruá, Baixo Juruá, Auati-Paraná e rio Unini, além da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá. O protocolo ajuda a identificar de maneira eficaz o estado de conservação da espécie, considerando-se manejo, comercialização, avaliação do estado de conservação do estoque (metodologia de contagem) e conjunto de variáveis mínimas a serem monitoradas.

Toda a prática de criação e definição dos protocolos vem conectada à participação social, bastante relevante no processo. “Importante ter a participação de quem conhece o manejo na prática. Nem sempre conseguimos trazer todos, mas sempre buscamos, para assim trabalhar de forma conjunta e participativa de fato”, comenta Cristina Tófoli, coordenadora do projeto Monitoramento Participativo da Biodiversidade.

Dione Torquato, presidente do CNS (Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais) destaca esse papel relevante do processo de construção do protocolo. “Parabéns à equipe técnica pela sensibilização de discutir com as comunidades e com os atores locais, por levar em consideração a construção através de um processo participativo para uma gestão de forma participativa, estabelecendo uma comunicação para melhorar a participação", afirma.

Os próximos passos do projeto serão definir a redação do protocolo, revisá-lo por meio de uma oficina participativa e validá-lo para apresentação nas UCs.

Além de IPÊ e ICMBio, participaram dessa 2° Oficina: Fundação Vitória Amazônica (FVA), IBAMA, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Amazonas ( SEMA), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem (WCS), Virgínia Tech University, Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Acordo de Pesca da ilha da Paciência.