Comunidades e pesquisadores analisam resultados de Monitoramento Participativo na Resex Cazumbá-Iracema no Acre
O Projeto Monitoramento Participativo da Biodiversidade (MPB), implementado pelo IPÊ, encerrou mais um ciclo com as devolutivas para as comunidades que participaram da iniciativa, realizada em parceria com o ICMBio, com apoio da USAID e outras organizações.
O evento, chamado "Encontro de Saberes", reuniu mais de 120 pessoas entre monitores, membros da comunidade e representantes do ICMBio, IPÊ, Embrapa, WWF e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sena Madureira, na Reserva Extrativista (Resex) do Cazumbá-Iracema (Acre). Comunitários de pelo menos quatro localidades da Resex participaram: Cazumbá, Cuidado, Alto Caeté e Iracema. Pesquisadores e monitores apresentaram para a comunidade os resultados do monitoramento que tem sido feito e juntos definiram as conclusões e próximos passos do trabalho.
A devolutiva faz parte do processo participativo de monitoramento para conseguir melhores resultados. Por exemplo, os pesquisadores notaram uma queda no número de determinadas espécies de animais, e não conseguiam entender o motivo. Em conversa na comunidade com os monitores, souberam que os tabocais - florestas de bambu onde vivem esses animais - haviam morrido, e concluíram que os animais poderiam ter saído dos locais do monitoramento.
“Um evento como esse é muito importante porque ele agrega saberes. A gente tem a visão das pessoas técnicas, especialistas, e tem a visão dos monitores e extrativistas aqui da comunidade. Outra coisa é que ainda há alguma dúvida sobre o que é o monitoramento por parte das pessoas que não fazem parte da comunidade. Assim eles podem conhecer o que é feito. Por exemplo, se o monitoramento mostrar que o número de porquinhos está diminuindo, eles podem escolher não caçar o porquinho por um ano”, contou Ilnaiara Sousa, pesquisadora local do IPÊ.
Na Resex Cazumbá-Iracema são feitos os monitoramentos do protocolo Florestal - que acompanha mamíferos, aves, borboletas e plantas lenhosas. Além disso, a comunidade escolheu monitorar os castanhais como alvo complementar.
Francisco “Gabarito”, morador de Cazumbá não faz parte do projeto, mas achou interessante participar do evento: “Eu não estava por dentro desse assunto. A gente não sabia da realidade, como funcionava, o que trazia de bom pra gente. E hoje eu descobri toda a vantagem e tudo que tem de bom, a riqueza que se tem se a gente cuidar. Hoje eu pude aprender, porque não tinha ideia da importância que tinha esse monitoramento”, afirmou.
O evento é parte da Construção Coletiva de Aprendizados e Conhecimentos, uma consolidação de resultados do MPB. “O CCAC traz uma das suas questões fundamentais, a busca por uma gestão compartilhada. Porque o monitoramento trás um monte de informação, que pode servir para a efetividade da gestão e também para a organização local. E para isso a gente precisava fazer os saberes conversarem. Reunir os saberes da academia, da comunidade, dos gestores para construir um entendimento novo”, explicou Leonardo Rodrigues, consultor do IPÊ responsável pela iniciativa.